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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

História para 29.08.2012


OS GRÃOZINHOS ANDAM DE OS BARCO


Era uma vez um grão de areia que vivia num barco. O
barco não era dele, já se vê, mas de uns pescadores, que
todos os dias deitavam as redes ao mar.
– Onde é que eu estou? – perguntou um outro grão de
areia, acabado de chegar.
Este tinha vindo da praia, agarrado ao pé de um dos
pescadores, e estava um tanto enjoado com os balanços do
barco.
O grão de areia mais antigo explicou-lhe onde se
encontravam.
– Com a prática do mar alto, vais habituar-te – disse o
grão de areia marinheiro.
Por sinal que não lhe deram tempo para tal, porque o
barco estava muito velho, metia água e, depois de uma
última pescaria, foi abandonado, como coisa sem préstimo.

– Já não balança – disse o grão de areia menos viajado.
– Estamos na praia – explicou o grão de areia mais
viajado.
– Não vejo praia nenhuma – estranhou o grão de areia
menos viajado.
Pudera! Donde estavam só se via o barco por dentro e o
céu, lá muito em cima. Assim ficaram que tempos. Anos,
talvez. Tanto fazia.
A madeira do barco apodreceu e, numa noite de Inverno,
uns rapazes resolveram fazer uma fogueira com o que
restava do velho barco.
– Vamos morrer queimados – alarmou-se o grão de areia
menos experiente.
– Não há-de ser fácil – tranquilizou-o o outro. – Nós, os
grãos de areia, somos muito resistentes.
Se eram! Tudo à volta em cinzas e eles a brilharem como



novos.
– E agora? – perguntou o grão de areia mais assustadiço.
– Depois se verá – respondeu o grão de areia que sabia
muito. – Nós, os grãos de areia, temos de estar prontos para
tudo.
Veio o vento que varreu as cinzas e deu asas aos
grãozinhos. Cada qual para seu lado.
– Que impressão. Tenho um grão de areia num olho –
queixou-se uma namorada para o respectivo namorado.
– Eu tiro-to, meu amor – acorreu o namorado  a
socorrê-la.
Soprou e pronto. O grão caiu. Era um dos tais, por sinal
o mais viajado.
Caiu no convés de um grande barco, daqueles que
proporcionam excursões, à beira-mar.

– Olá, colega – disse-lhe, à beira dele, outro grão de
areia.
Era o menos viajado. Tinha vindo agarrado a um
cadeirinha de transportar bebés. Poisada a cadeirinha, caíra
para o chão.
– E já se não sente agoniado? – perguntou-lhe o grão de
areia mais experiente.
– Este barco é muito mais cómodo – respondeu  o
grãozinho. – Por este andar, à velocidade a que temos
progredido, ainda vamos parar a um transatlântico  e
atravessar os mares, até à América.
O outro concordou. Sabia por experiência própria que a
um grão de areia tudo pode acontecer.


FIM






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