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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

História para 30.08.2012


O VELHO MAGO


Era uma vez um velho Mago, muito famoso.
Mago equivale a feiticeiro. Feiticeiro equivale a bruxo.
No entanto, este não era dos maus, daqueles que
transformam príncipes em sapos ou coisas assim. Durante
toda a vida, dera-lhe mais para transformar sapos em
príncipes ou coisas parecidas. Era um Mago bom.
Mas andava muito esquecido. Ia para praticar uma
magia, através de uma fórmula mágica e, a meio, tinha uma
falha de memória:
– Galapim, topelim, balemeque... Ou será bumelaque?
O caso podia ser grave, porque qualquer pequena
alteração das palavras mágicas transtornaria o resultado.
Em vez de fazer aparecer um príncipe, onde estava um
sapo, fazia aparecer uma galinha.

Depois, a transformação da galinha em príncipe é que
era um caso sério. Um processo muito mais complicado.
Quase impossível.
À conta dos seus enganos, o velho Mago tinha a capoeira
cheia.
– Esta minha cabeça já não funciona como dantes
funcionava – queixava-se ele.
Ainda foi a um médico, que lhe receitou uns
comprimidos para a desmemória, mas o Mago também se
esquecia de tomar os comprimidos e tudo continuava na
mesma.
E a capoeira cada vez mais cheia...
Um amigo, que foi visitá-lo, aconselhou-o:
– Larga o ofício de Mago e transforma-te em criador de
aves. Tens aqui um rico aviário.
Pois tinha. Tanto que uma raposa descarada começou a

rondar-lhe a capoeira.
Numa noite de luar, o mago pressentiu-a e, armado de
umas palavras mágicas, que tiram o apetite às raposas,
atirou-lhe ao focinho:
– Belico, sapetec, arlepic, pic, pic. Sofial! Jeropigue!
Cavanica. Obstrúnfio.
A raposa fugiu, alarmada, e as galinhas agitaram-se na
capoeira, numa desusada excitação. Sucedeu o que parecia
quase impossível.
A capoeira ficou cheia, a abarrotar de príncipes, todos
muito indignados por se encontrarem em lugar tão fora de
propósito para tais Altezas.
Saíram os príncipes para os seus respectivos palácios, se
é que os tinham, e o velho Mago, muito envergonhado,
ficou a remoer mais este engano. Não acertava nem numa

única fórmula. Que enervância!
E o mais grave é que também se tinha esquecido das
palavras mágicas que, infalivelmente, transformam os
sapos em galinhas.
Sem gemada para o lanche nem omeleta para o jantar, o
Mago decidiu seguir o conselho do amigo. Comprou várias
dúzias de pintainhos, meteu-os na capoeira vazia e esperou
que crescessem.
Dá-lhes de comida migas de pão duro e sêmola. Não é
nenhuma fórmula mágica, mas engorda.


FIM





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