Mensagem de Meijinhos

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

H para 06.09.2012


OUTRA DO MACACO UMBELINO


O macaco Umbelino, que vocês já conhecem,
escreveu-me outra vez. Não sei em que país é que ele agora
está, que nem reparei no selo do sobrescrito, mas, onde
quer que esteja, é um país com telhados e chaminés.
Foi mesmo de tanto olhar para os telhados e chaminés
que o Umbelino teve uma ideia:
– Vou trabalhar por conta própria. Os telhados destes
prédios não são para qualquer um. Lá no alto, os homens
têm vertigens, mas os macacos não. Vou fazer-me
limpa-chaminés.
Arranjou uma corda grossa e muito comprida, uma
vassoura com cabo maior que mastro de navio e pôs-se a
tocar às campainhas das portas.
– Quem é? – perguntavam.
– Limpa-chaminés – respondia ele, engrossando a voz.
– Não é preciso – e batiam-lhe com a porta na cara.

Certa vez, ia ele a passar, ouviu esta conversa entre duas
porteiras:
– A inquilina do 3º esquerdo é uma esquisita. Desconfio
que tem macaquinhos no sótão... – dizia uma delas.
O macaco Umbelino estacou, deitou contas à vida  e
resolveu subir ao 3º andar. Truz! Truz!
A porta abriu-se e uma senhora com tranças meio
desfeitas, grandes óculos de tartaruga e um ar, realmente,
muito esquisito, espreitou.
– Se é para limpar a chaminé, não preciso – disse ela.
O macaco fez um gesto, como quem diz que por tão
pouco não iria incomodá-la, e começou a sua explicação:
– Saiba V. Exª que, no meu ofício, faz-me falta um
aprendiz que me ajude a transportar a vassoura, que
converse comigo...




– E que tenho eu com isso? – interrompeu  a
abespinhada senhora.
O macaco prosseguiu:
– Como ouvi ainda agora dizer que V. Exª tinha
macaquinhos no sótão, pensei que...
– Atrevido, malcriado – gritou a senhora. – Olhe que eu
chamo a Polícia.
Se ela chamou ou não chamou, o macaco Umbelino não
conseguiu saber, porque fugiu a tempo.
Sempre quero ver o que ele me contará na próxima carta.


FIM


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