Mensagem de Meijinhos

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sábado, 16 de abril de 2011

ASPECTOS CULTURAIS DE MEIJINHOS E REGIÕES

ASPECTOS CULTURAIS

A necessidade de reafirmar a natureza de um povo, bem como a preservação da sua cultura é cada vez maior. A raiz de um povo, a forma de ser e de estar na vida, tal como a maneira como a entendem define a sua cultura.

VINDIMAS

As vindimas e a apanha da fruta, são sem dúvida, uma manifestação cultural cheia de alegria por toda esta vasta região do Douro, no qual esta Freguesia está inserida. É o acontecimento agrícola que mais gente movimenta neste curto espaço de tempo. Do mais jovem ao mais idoso, é com enorme satisfação que todos querem participar. É uma festa onde não há lugar a canseira, pois o cansaço é eliminado pela grande vontade de cumprir a tarefa no menor espaço de tempo, aproveitando sempre que possível, as condições climatéricas favoráveis. Mulheres vamos às vindimas Vamos todos vindimar No fim da vindima feita Vão as uvas para o lagar Vindimai bem ó meninas Vede bem com atenção As uvas que deixares É a perda do patrão E no fim da vindima feita Ele nos deu a sua gratificação Vinho Branco, Vinho Tinto Faz-nos bem à refeição

DESFOLHADAS

As desfolhadas do milho eram alegres e divertidas, e quando o lavrador as anunciava, toda a gente se juntava para ajudar o seu vizinho. Este trabalho fazia-se de noite, ao luar, ou à luz da candeia para aproveitar o tempo. As pessoas dispunham-se à volta do monte de milho e, lançando as canas para trás, deitavam as espigas nos cestos que, depois de cheios, eram despejados em sacos, no cabanal ou no espigueiro onde permaneciam até ao vagar e o tempo serem propícios à escarola e à seca. Desfolhada, desfolhada Numa noite de luar No fim da desfolhada Cada um prende o seu par Rapazes e raparigas Cantai uma desgarrada Cantando lindas cantigas Na noite da desfolhada Vamos para a desfolhada Que é a nossa tradição Desfolhar lindas espigas Para fabricar o pão Vai de roda vai de roda Vai de roda bem saltada Eu perdi o meu amor No meio da desfolhada

A MATANÇA DO PORCO

Era para o lavrador o abastecimento da casa agrícola, pois que a salgadeira cheia era a melhor provisão para o ano inteiro. O presunto salgado, a chouriça, o salpicão, o lombo assado e os torresmos de conserva e as farinheiras, eram especialidade da região, que faziam a abastança da casa. A matança constituía uma festa intima que reunia familiares e amigos. Logo que os homens chegassem serviam-lhe um substancial mata- bicho como prelúdio do acontecimento. Aberta a pocilga, o bicho saía com vivacidade, dava uns roncos correndo à volta do pátio. Feito o cerco, um agarrava-o pelas orelhas, outro pela rabadilha e os demais pelas pernas. O cevado, cheio de vigor, estrebuchava, mas o sangrador deitava-lhe o laço ao focinho e, assim, já bem seguro, era deitado e amarrado num banco ali a jeito. Enquanto esperneava, roncando, roçando com toda a força, o sangrador tomava a enorme faca e, tirando o chapéu, fazia com ela o sinal da cruz, dizendo: “Deus me ajude”. Uma mulher aproximava-se com um alguidar onde previamente tinha sido deitado vinho e sal, recolhia o sangue, mexendo para não coagular. O porco estava morto, e retirado o alguidar para nele fazerem o ensopado de pão de trigo para as morcelas, era chamuscado com palha a arder até dar à pele. Esfregado com pedras, lavado, barbeado e pendurado pelo chambarril para ser esbuxado e enxugar durante dois dias, procedendo- se então à desmancha em peças destinadas à salgadeira e à confecção das conservas.

COSTUMES

O povo, que, por experiência, sabe as diferenças que há em cada mês (o agricultor preocupa-se mais com o tempo do que com a técnica) concebe as variantes climáticas nesta linguagem das mais populares: - Janeiro geadeiro. Se subires ao outeiro e vires negrejar põe-te a cantar. Se vires verdejar põe-te a chorar. Janeiro chuvoso ano perigoso. - Fevereiro aguadeiro, rego cheio. Fevereiro quente traz o diabo no ventre. - Março marçagão. De manhã cara de santo, de tarde cara de cão. De dia zumbe a abelha, à noite arreganha a ovelha. - Abril águas mil coadas por um funil. Queima a velha, o carro e o carril e dá a filha por um pão a quem a pedir, mas é se o vir. - Maio pardo faz o centeio grado e farta os burros de erva. As águas que hão-de regar de Abril e Maio hão-de ficar. - Junho marinheiro, faz grelar o centeio no rolheiro. - Julho a chuva bebem-na os pássaros no ar. Pelo S. Tiago cada pinga vale um cruzado. - Agosto quem guarda a malha para Agosto malha com desgosto. - Setembro secam as fontes, ardem os montes. Águas verdadeiras, pelo S. Mateus primeiras. - Outubro caem as folhas e nos rios corre o pranto da Natureza. - Novembro dos Santos ao Natal é Inverno natural. O Verão de S. Martinho é um dia e um poucochinho. - Dezembro mal vai Portugal, quando não vêm três cheias antes do Natal. O povo previa tempo bom quando: O vento estivesse fiteiro do Norte ou do Nascente; - O quarto de Lua coincidisse com o horário da manhã, em que o Sol estivesse de Sueste; - O mesmo em dias de chuva, ao pôr do Sol, o céu se apresentasse limpo do Norte; - A Lua nascesse com as pontas viradas ao cieiro (ao nascente); - Se visse uma pequena estrela junto da Lua (vento); - Em dois de Fevereiro (dia da festa da Sra. do Barrocal) estivesse a chover diziam: a senhora chora, está o Inverno fora; - Ao pôr do Sol o céu ficasse vermelho, ou as ovelhas andassem a saltar (vento). previa tempo mau quando: O vento frio puxasse de poente; - O fumo se estendesse rasteiro pelo vale da Várzea acima ; - Os burriqueiros (nuvens baixas e consecutivas) corressem do Sul; - As agudes saíssem do ninho muito activas; - As relas cantassem muito; - Os pássaros andassem a banhar-se; - As galinhas estivessem a espiolhar-se; - As nuvens formadas pela evaporação da água dos vales subisse verticalmente; - A Lua Nova nascesse com as pontas viradas ao poente; - O quarto da Lua coincidisse com o horário da tarde, isto é, estivesse de Sudoeste; - A Lua apresentasse um círculo à sua volta (largo, muita chuva; estreito, pouca chuva); - Orvalhasse na noite de S. Bartolomeu vinha o Inverno mais cedo; - Geasse na lama (chuva reclama); - No Outono o Sol fosse amoroso (quente e sem vento); - As têmporas (os três dias de jejum, quarta-feira, sexta-feira e sábado, no começo de cada uma das estações do ano) ficassem moles, isto é, se o vento à meia noite de Natal (a das cinzas) puxasse do poente;

Jogos Tradicionais

O Pião

– os jogadores fazem um circulo no terreiro e cada qual joga o pião dentro dele. Se sai, o jogador continua a jogar; se fica só é tirado às bicadas que os outros procuram dar-lhe. Quando eu era rapaz novo, Eu deitava o meu pião. E as moças me diziam Deita-mo aqui na mão.

Os Botões

– Cada um dos jogadores põe um botão junto ao fito. Medem três ou quatro passos e, sem ultrapassar o risco, cada um deles tenta aproximar a sua chapa do fito ou tombá-lo. Os botões que saltarem ou ficarem mais perto do fito ou da chapa são pertença sua. É um jogo excitante que fez com que alguns meninos arrancassem os botões das calças e fossem para casa com elas na mão.

Os Cantinhos

–traça-se um rectângulo e com duas linhas em cruz divide- se em quatro. Dois jogadores e três pedras cada um, dispostos nos extremos do rectângulo, vão-nas mudando indiscriminadamente e a vitória cabe àquele que primeiro conseguir colocar as três pedras no risco do meio ou no lado adverso.

A Bilharda

– O jogador com a bilharda na mão esquerda e o pateiro na direita, bate-a lançando-a para longe. Um jogador da equipa contrária apanha-a e atira com ela para o pequeno circulo feito no chão onde se encontra o jogador e, se não consegue metê-la, o jogador do pateiro faz um risco junto dela e o adversário, sem ultrapassar o risco, procura introduzi- la no circulo. Se conseguiu (sem que a ponta da bilharda toque o risco) muda da mão, se ficar de fora, é batida na ponta com o pateiro e, saltando, bate-lhe outra vez no ar para fazer ir mais longe donde mede com o pateiro ou medidor até o circulo. Se ficou queimada (sobre o risco) continua a jogá- la. Batendo duas vezes sem saltar perde e muda de mão. Caso não aconteça, continua até completar. O jogo é de trinta pontos bons e maus. Depois do jogo acabado cabe a vez aos outros e só então é que as equipas mudam de lugar.

A Luta de Tracção à Corda

– traça-se um risco. A meio da corda põe-se um sinal vermelho e, à distância de dois metros, dum lado e do outro deste, outro sinal branco. De cada lado do risco põem-se as equipas em número igual de pessoas e pegam a corda de modo a que o sinal vermelho fique sobre o risco. O árbitro dá o sinal de partida e uns e outros agarram na corda e puxam o mais que puderem. A vitória será da equipa que fizer coincidir o risco do sinal branco do lado do adversário. - É desclassificada a equipa que: - fizer covas no solo - levantar os dois pés do chão - tocar no chão com qualquer parte do corpo - voltar as costas à equipa adversária - enrolar a corda ao corpo do concorrente da ponta.

O Mastro

é um pinheiro com 6 a 8 metros de altura, descascado e bem ensebado, espetado no chão, no topo do qual se colocam prendas tentadoras como, por exemplo, um bacalhau, uma garrafa de vinho do Porto, um galo ou uma caixa de biscoitos. Os concorrentes vestem as roupas velhas, tentam trepar e fazer as colheitas dos prémios apetecidos. Mas escorregando tem de começar a subida que sendo uma prova de força e resistência não é para qualquer um. Todavia, com o uso de resina, de terra e o auxilio dos pés, ao fim de algumas tentativas, o mais esforçado concorrente consegue deitar a mão aos prémios, sendo galardoado com uma salva de palmas dos circunstantes e de um toque de música sempre presente nos dias de festa.

Janeiras e Reis

Pedir as Janeiras e Reis é uma velha tradição que se transmite de geração em geração. Os rapazes vêm para a rua e, juntando-se em grupos cantam de porta em porta: Viva a senhora Antoninha Debaixo do seu chapéu. Quando vai para a igreja Parece um anjo do céu Estas casas são bem altas Forradinhas de cortiça. Venha-nos dar as janeiras Seja morcela ou chouriça Levante-se D. Aninha Do seu banquinho de prata. Venha-nos dar as Janeiras Que está um frio que mata.

Carnaval

O Carnaval é uma festa dos tempos pagãos em que a juventude se divertia com brincadeiras como o jogo dos cântaros e panelas de barro, os toques de harmónio e caldeiros, com cegadas bizarras, bailes de máscaras e toques espalhafatosos. Nestes dias cada qual vendia o seu jogo e dava largas à sua imaginação que se destinguia pelo requinte das histórias e ditos maliciosos e das críticas brejeiras ridicularizando as pessoas e costumes. As cantigas à desgarrada ou o improviso poético de cantigas à viola era um rito pagão que ainda hoje perdura nos costumes populares. Onde quer que soasse a concertina, o harmónio ou a gaita de beiços, logo apareciam os cantores à desgarrada rodeados de muitos admiradores para julgarem e aplaudirem as quadras mais graciosas. Era uma linguagem espirituosa, uma polémica mordaz de muitas horas que do disse-disse ao sabe-sabe acabava nos meandros da vida intima. (...)A cantar ao desafio, Comigo ninguém pode; Pois a qualquer figurão Eu lhe darei um bigode. - Se nem tens p’ra ti, Que bigode podes dar? Arranja mas é uma cabra P’ra te acabar de criar. - Já não preciso de cabra, Nem de conselhos também. Eu criei-me a tempo inteiro Ao jeito da minha mãe. - És senhor do teu nariz! Mas que te vale o caroço? A um galaroz como tu Qualquer um torce o pescoço. - Quantos peixes tem o mar ‘Inda lá não fui ao fundo. Diz-me lá, ó cantador, Quantos homens há no mundo? - Quantos homens há no mundo, Nem todos usam chapéu; Diz-me lá por cantigas Quantos anjos há no céu?

Páscoa

É costume fazer-se a visita Pascal ou seja, o Pároco ir a casa dos seus paroquianos com a imagem de Cristo. era costume ainda na Freguesia de Meijinhos realizar-se a Via Sacra, que consiste na representação humana do período que precedeu à morte de Cristo (julgamento, coroação de espinhos, carregamento da cruz e crucificação no calvário).

Santos Populares

Os Santos Populares eram festejados no templo e na rua com tanto ardor que, de dia e de noite, o povo lhe rendia graças com a alegria espontânea da sua fé, manifestada nas festas e cantares. Essa popularidade que os consagrou nasceu na prática da conversão dos infiéis e das suas qualidades e virtudes. Ai ó meu rico Santo António Ai ó meu santo marinheiro Tu hás-de ser o meu compadre Ai do meu menino primeiro Ai meu rico Santo António Ai ó meu santo milagreiro Heide te pedir a coroa Ai que me cases a mim primeiro. São João p’ra ver as moças Fez uma fonte de prata, Mas se as moças não vão lá São João todo se mata Ó meu rico São João, Ó meu santo milagreiro, Dá-me uma moça bonita Que tenha muito dinheiro. Repenica, repenica, repenica, São João a suar em bica. Repenica, torna a repenicar, São João há-de-me casar.

PROVÉRBIOS

1. Águas passadas não movem moinhos. 2. Até ao lavar dos cestos é vindima. 3. A reconquista é mais difícil do que a conquista. 4. A vaidade é orgulho dos tolos. 5. A lanterna que vai à frente ilumina duas vezes. 6. À noite todos os gatos são pardos. 7. Água e mulher, só boa se quer. 8. Amor com amor se paga e, com desdém se paga também. 9. Amor e carinho tudo vence. 10. A aveia até Abril está a dormir. 11. Abril águas mil. 12. A galinha da vizinha é sempre mais gorda que a minha. 13. Albarde-se o burro à vontade do dono. 14. Até ao fim do Natal, crescem os dias num saltinho de pardal. 15. A necessidade é a mestra do engenho. 16. A sinceridade vence o furor . 17. A erva, Maio a dá, Maio a leva. 18. Agosto temporal, sol na eira e chuva no nabal. 19. A capa e a merenda nunca carregaram ao pastor. 20. A excepção confirma a regra. 21. A união faz a força. 22. A mulher quer-se pequenina como a sardinha. 23. Ao menino e ao borracho põe Deus a mão pôr baixo. 24. Amigo que não presta e faca que não corta, que se percam pouco importa. 25. Antes quero asno que me leve que cavalo que me derrube. 26. Ande o frio por onde andar, pelo Natal há-de chegar. 27. Apanha com o cajado quem se mete onde não é chamado. 28. A mentira só dura enquanto a verdade não chega. 29. A tua fama longe soa e mais depressa a má que a boa. 30. A casamento e baptizado não vás sem ser convidado.

MEDICINA ANTIGA

toda a gente sabe que noutros tempos as pessoas não procuravam médicos quando se sentiam doentes, utilizavam elas os seus próprios métodos para curar certas doenças. Antigamente as ervas e produtos naturais é que ajudavam a ultrapassar essas doenças. Cabelo - As raparigas para fazerem crescer o cabelo entalavam uma madeixa numa cana em crescimento. Cólicas - Colocavam um pano sujo e por cima um testo de ferro quente nas brasas. Comichão - Usavam como lenitivo lavagens com cozimento de saponaria. Constipação - Comiam alho, ingerindo chá de sabugueiro ou uma “borracheira” de vinho quente com mel, ao deitar. Dor de Barriga - Quando as crianças se queixavam de dor de barriga untavam-na com azeite quente. Dor de Dentes - Na desesperada dor de dentes aplicavam vinagre com sal. Calos - Nestes aplicava-se alho esmagado, amiudadas vezes. Ciática - É uma doença rebelde que começa na nádega e se estende dolorosamente pela perna. Além do uso de panos quentes, pomadas e fricções, comiam alho descascado em jejum durante nove dias. Quebranto - Doença que se revela com fraqueza e abatimento físico, proveniente dos males do estômago, do fígado e dos rins. A superstição popular tomava-o por mau olhado e recorria às rezas. Cravo - Nesta pequena excrescência que se forma na pele da cara ou das mãos faziam-lhe sangue e deitavam-lhe leite dos figos ou apegavam-se à Santa Eufémia com promessas. Eczema - Mal de pele que se caracteriza pela exsudação, pele escamosa e forte comichão. Tomavam chá de agrião, de alfazema e esfregavam a pele afectada com casca de noz e da bugalha da folha do cravo. Espinhela caída - Era medicada com rezas e esticões dos braços e das pernas para que, no dizer das rezadeiras, um não ficasse mais curto que o outro.

COZINHA TRADICIONAL

Primitivamente, o homem devorava as ervas, certas raízes, frutos silvestres e a carne dos animais para satisfazer a gula e as necessidades do corpo. Mas à medida que se foi multiplicando, os alimentos foram faltando e, então, dedicou-se à agricultura, à caça e à pesca. A Cozinha tradicional do concelho é rica e variada : - Caldo casado da região (de unto com azeite). - Caldo de cebola. - Sopa de feijão com couves. - Sopa de castanhas secas. - Papas laberças (de farinha de milho com couves). - Papas de milho rolão com toucinho. - Torresmos de vinho de alhos com batatas à racha. - Cozido à portuguesa. - Migas de broa de centeio, com bacalhau, alho e azeite. - Feijão com couves temperado com azeite e vinagre. - Feijão guisado com toucinho e chouriço. - Pimentos assados ou de cebolada com sardinha. - Cabrito grelhado ou estufado - Arroz de grelos com entrecosto e chouriça. - Arroz de Míscaros com costelas em vinho de alhos. - Castanhas assadas ou cozidas. - Broa de Milho. - Pão de Centeio. - Filhós e rabanadas. - Arroz doce. - Bolos de azeite ou da Páscoa. - Vinho do Dão. - Queijo Serra da Estrela. - Maçã Bravo de Esmolfe. - Milhos

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