Mensagem de Meijinhos

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Lendas e Contos

Lendas

As lendas distinguem-se dos contos por perdurarem através dos tempos: e das fábulas, por terem sempre como principal personagem o “homem”.
Distinguem-se ainda dos contos e das fábulas por terem sempre uma base, ainda que frágil, de realidade.
São, geralmente, também mais precisas na determinação do tempo e do local onde os factos narrados se desenrolam.
A Idade Média (séc. XXII a XV) foi fértil na criação de lendas quer populares, quer épicas (de feitos heróicos), quer hagiográficas (relativas aos Santos).

Lenda ou verdade...
Nos tempos idos das guerras entre Mouros e Cristãos, viveu no Castelo de Lamego um Rei Mouro de nome Alboacém, pai de uma linda princesa de nome Ardínia. A sua beleza era tal que desde logo seduziu o capitão Tedon, quando um dia, disfarçado, veio a Lamego. Tedon era um cavaleiro cristão, bisneto do Rei de Leão, D. Ramiro II. O primeiro encontro entre Tedon e Ardínia acontece no laranjal do castelo numa bela noite de luar. Com o suceder dos disfarçados encontros, a paixão entre os dois jovens aumentou rapidamente. Um dia os jovens apaixonados decidem fugir para o convento de S. Pedro das Águias, onde o Abade Gelásio os casou. Porém o pai da princesa, ao sentir-se atraiçoado, procurou-a por toda a parte, vindo mais tarde a encontrá-la refugiada no tal convento. Sem dó nem piedade foi pessoalmente ao esconderijo da filha e ali mesmo a matou. Diz-se hoje que nos Invernos em que o Castelo se envolve em nevoeiro, a alma da princesa Ardínia paira sobre o mesmo...

O último combate do Castelo de Lamego
De difícil acesso, o castelo foi conquistado por Fernando Magno na madrugada de 29 de Novembro de 1057. A descrição das dificuldades na sua conquista estão bem patentes na crónica geral de Espanha, que fala na construção, propositadamente para esta tomada, de engenhos de madeira como catapultas e torres. Apanhados de surpresa, os mouros foram empurrados para dentro do Castelo, enquanto residentes morriam ou eram feitos prisioneiros. A rendição não tardou em aparecer e Fernando Magno mandou levantar a cruz que marcava o início de uma nova época para a cidade de Lamego.

As Mouras Encantadas do Castelo de Lamego
Já vai para 90 anos, quando o Sr. Joaquim de Sousa Macário, general de Brigada reformado, contava a Lamecenses uma história do Castelo de Lamego, que ouvira, na sua infância, a "uma criada velhinha". E, nessa altura, dizia o Sr. General: a lenda ia esquecendo à geração contemporânea.
Um Rei Mouro, muito antigo, levado por poderosa fada feiticeira, mandou abrir, secretamente, no bairro do castelo, três túneis para uma sala, cada qual com a sua porta fechada. Mais, fez afixar uma legenda à entrada destas portas. Numa estava escrito: "peste que pode matar gente até uma légua em volta "; Noutra: "tesouro de grande riqueza"; e, numa terceira: "encantamento". Mas, ficou também ali uma advertência: cuidado, que estão as legendas trocadas.
Este senhor do Castelo, um dia, receando ser morto pelo nosso Rei Dom Afonso Henriques, resolveu fugir, sem ver modo de levar consigo a suas 3 filhas "formosíssimas e jovens". Assim, pediu a uma fada feiticeira que o acompanhava, que as encantasse. Tomaram as três lindas mouras o bálsamo do encantamento, que lhes permitia "duração eterna", ficando guardadas "no dito subterrâneo aonde existem"... Também foi encerrado, noutro túnel, o tesouro real.
E lá se foi o rei mouro para os Algarves. Pensava voltar um dia, com a fada que lhe desencantaria as filhas, e haveria igualmente o tesouro escondido. Faleceu em Tavira. A fada que o acompanhou, também.
Continuam no bairro do Castelo as três princesas mouras... Quem as procura receia abrir por engano o túnel da peste, e todos têm desistido.
Com a "recuperação" da área do castelo para breve, espera-se encontrar o tesouro -- o que poderá valorizar muito a zona sob o ponto de vista turístico...
Quanto às mouras, se forem encontradas -- é que não parece possível desencantá-las, uma vez que fada do encantamento, como dissemos, faleceu no Algarve. O que foi lamentável a muitos títulos, não sendo o menos importante a continuação desta história.
Lenda de São Brás
São Brás viveu nos primórdios do Cristianismo (Século IV) e fez parte da sua vida no deserto em completo isolamento e oração. Do ermitério, onde não terá esquecido os seus estudos de medicina, foi chamado para desempenhar o cargo de Bispo na sua terra natal, Sebaste, cidade da Arménia que agora pertence à Turquia.

Antes de ser Bispo, foi médico; e assim como usou de bondade e compaixão para com os doentes mais pobres, também, como bispo, manifestou esses mesmos sentimentos, para com todo o seu povo.

Ao regressar à sua cidade para a nova missão, encontrou uma pobre mulher que lhe apresentou o filho, que tinha uma espinha entalada na garganta.

A criança estava já roxa e agonizante quando o santo se acercou dela. Pôs-lhe as mãos nas faces e garganta e, depois de umas orações, deu-se o milagre: a criança depressa recuperou o brilho dos olhos e acenou com gratidão a quem lhe fizera desaparecer o mortal padecimento.

São Brás foi martirizado por não prestar culto aos deuses pagãos.

Ao longo dos tempos, São Brás é invocado contra as doenças de garganta.

O seu culto espalhou-se desde muito cedo, por toda a parte, e muitas terras o têm como padroeiro, e muitas pessoas o seu nome.

Chegamos assim ao S. Brás que, a 3 de Fevereiro, se celebra e honra em Meijinhos na Igreja Paroquial, cumprindo-se ou fazendo-se novas promessas de tagarelas afónicas, gargantas desafinadas, rouquidões.

A sua festa liturgica celebra-se em 3 de Fevereiro, e, em Meijinhos são muitos os devotos que, ocorrem para o venerar e agradecer a Deus as graças, por seu intermédio, recebidas.

Depois é a festa, a procissão, os foguetes e a música.

Note-se que apesar de esta ser a maior festa da nossa freguesia, o padroeira é a Nossa Senhora Da Piedade.

A Festa do S.Brás passou a ser feita no Domingo a seguir ao dia 3 de Fevereiro


»» Lenda do Galo de Barcelos ««

Os Habitantes do Burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não ter descoberto o autor.
Certo dia, apareceu um Galego que se tornou de imediato suspeito do dito crime, visto que ainda não tinha sido encontrado o criminoso.
As autoridades condais resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém o acreditou. Ninguém julgava crível que o galego se dirigisse para Santiago de Compostela em cumprimento de uma promessa como era tradição na época, e fosse devoto fiel de S. Paulo e da Virgem Santíssima. Por isso foi condenado à forca.
Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o havia condenado a tal destino. A autorização foi-lhe concedida, e levaram-no à presença do dito magistrado, que nesse momento se deleitava e banqueteava com os amigos.
O galego reafirmou a sua inocência, e perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que se encontrava no centro de uma grande mesa, exclamando:
- É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.
Perante gargalhadas e risos, não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo.
O que parecia impossível aconteceu.
Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo ergueu-se na mesa e cantou!
Após tal acontecimento mais ninguém duvidava da inocência do Peregrino
O Juiz correu à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento.
O homem foi imediatamente solto e mandado em paz.
Volvidos alguns anos, voltou a Barcelos e fez erguer um Monumento em Louvor à Virgem e a Santiago.
»» A Lenda do Frade e do Passarinho ««

Em tempos muito afastados aconteceu de um frade, enquanto rezava o ofício no côro, ter a sua atenção despertada pelo seguinte versículo da Salmódia: «Mil anos à vista de Deus são como o dia de ontem que já passou». Não entendia o frade o significado, pelo que, no fim orou com mais fervor a Deus para que lhe fizesse entender.
Saindo do côro e ao passar no claustro do convento, ouviu o canto de um passarinho que o fez parar.
Em breve aquela avezinha se mudou, pelo que o monge a seguiu na esperança de a poder ouvir por mais um tempo, o seus aprazíveis cantos. Já um pouco afastado, perdeu de vista a ave que o encantara, facto que lhe causou muita tristeza e exclamou:
- Oh!, passarinho da minha alma, que tão belo e tão breve foi o teu cantar!
Em seguida regressou ao convento, porém reparou que a porta já não era no mesmo sítio. Achou tudo demasiado diferente e, ao bater, até o guardião do convento lhe parecia extremamente diferente:
- Quem bate e o que deseja, perguntou-lhe o Guardião?
- Um irmão e humilde frade deste convento. - responde o Frade.
- Como, se cá não falta ninguém? - respondeu o guardião
- Falta sim ainda à nadinha saí no encalço de um passarinho, cujo o canto eu quis ouvir. Segui-o até à orla da mata e, tão logo se calou, me tornei ao convento. Como pois não me conheceis?! É verdade também não vos conheço!!
Foi o porteiro chamar o D. Abade a quem narrara, intrigado o caso. Este não se surpreendeu menos e postos a desvendar o mistério, consultando livros e registos, deles constava o desaparecimento de um frade, mas sobre o qual já haviam passado 300 anos. Nunca mais dele houvera rastos ou noticias.
Foi então que por mais diligências, concluíram, ter sido aquele para quem miraculosamente trezentos anos se passaram num momento. Assim ele compreendeu que para Deus não há diferença de tempo.

»» A Lenda do Milagre das Cruzes ««

O povo fez aparecer, no local da aparição, uma ermida em honra do senhor da Cruz às costas, venerado numa imagem que um mercador destas terras trouxe de Flandres. A lenda entretanto explica de outro modo a presença da imagem. Segundo a tradição o Senhor da Cruz era irmão dos Senhores de Matosinhos e de Fão os quais teriam sido lançados à água em terras distantes. A corrente tê-los-ia lançado um à praia de Matosinhos, outro à de Fão e o terceiro teria subido o Cávado de onde teria sido recolhido por almas piedosas que o levaram até Barcelos, dando-lhe aconchego na ermida do Senhor da Cruz, de onde nunca mais foi demovido

»» Lenda do Vinho ««

Há muitos milhares de anos, um homem que passou a vida na Grécia, quando se sentiu velho regressou á sua Pátria, a Itália, e resolveu levar com ele uma linda videirinha, pois não se lembrava de, na sua infância, ter visto tal planta na sua terra natal.
Como não tinha vaso para a transportar, utilizou o que tinha à mão, um osso de galo. Esvaziou-o e meteu dentro as suas raízes com um pouco de terra.
Ora como se deslocava a pé, levou muito tempo a fazer a viagem e a videira cresceu. Não teve outro remédio senão mudá-las para um osso de leão que encontrou pelo caminho.
Mas com a planta continuasse a crescer, Dionísio, assim se chamava o viajante, que teve a sorte de deparar com um osso de burro, para lá mudou a plantinha.
Consta que daquela videira se fizeram muitas outras, e por ela ter crescido em estranhos “vasos”, quem bebe pouco vinho, fica alegre como o galo; quem bebe mais, fica forte como um leão, Castanhas e vinho e quem muito abusa do vinho, perde as ideias e fica mesmo estúpido como um burro

Lendas

As lendas distinguem-se dos contos por perdurarem através dos tempos: e das fábulas, por terem sempre como principal personagem o “homem”.
Distinguem-se ainda dos contos e das fábulas por terem sempre uma base, ainda que frágil, de realidade.
São, geralmente, também mais precisas na determinação do tempo e do local onde os factos narrados se desenrolam.
A Idade Média (séc. XXII a XV) foi fértil na criação de lendas quer populares, quer épicas (de feitos heróicos), quer hagiográficas (relativas aos Santos).

»» Lenda do Galo de Barcelos ««

Os Habitantes do Burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não ter descoberto o autor.
Certo dia, apareceu um Galego que se tornou de imediato suspeito do dito crime, visto que ainda não tinha sido encontrado o criminoso.
As autoridades condais resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém o acreditou. Ninguém julgava crível que o galego se dirigisse para Santiago de Compostela em cumprimento de uma promessa como era tradição na época, e fosse devoto fiel de S. Paulo e da Virgem Santíssima. Por isso foi condenado à forca.
Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o havia condenado a tal destino. A autorização foi-lhe concedida, e levaram-no à presença do dito magistrado, que nesse momento se deleitava e banqueteava com os amigos.
O galego reafirmou a sua inocência, e perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que se encontrava no centro de uma grande mesa, exclamando:
- É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.
Perante gargalhadas e risos, não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo.
O que parecia impossível aconteceu.
Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo ergueu-se na mesa e cantou!
Após tal acontecimento mais ninguém duvidava da inocência do Peregrino
O Juiz correu à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento.
O homem foi imediatamente solto e mandado em paz.
Volvidos alguns anos, voltou a Barcelos e fez erguer um Monumento em Louvor à Virgem e a Santiago.
»» A Lenda do Frade e do Passarinho ««

Em tempos muito afastados aconteceu de um frade, enquanto rezava o ofício no côro, ter a sua atenção despertada pelo seguinte versículo da Salmódia: «Mil anos à vista de Deus são como o dia de ontem que já passou». Não entendia o frade o significado, pelo que, no fim orou com mais fervor a Deus para que lhe fizesse entender.
Saindo do côro e ao passar no claustro do convento, ouviu o canto de um passarinho que o fez parar.
Em breve aquela avezinha se mudou, pelo que o monge a seguiu na esperança de a poder ouvir por mais um tempo, o seus aprazíveis cantos. Já um pouco afastado, perdeu de vista a ave que o encantara, facto que lhe causou muita tristeza e exclamou:
- Oh!, passarinho da minha alma, que tão belo e tão breve foi o teu cantar!
Em seguida regressou ao convento, porém reparou que a porta já não era no mesmo sítio. Achou tudo demasiado diferente e, ao bater, até o guardião do convento lhe parecia extremamente diferente:
- Quem bate e o que deseja, perguntou-lhe o Guardião?
- Um irmão e humilde frade deste convento. - responde o Frade.
- Como, se cá não falta ninguém? - respondeu o guardião
- Falta sim ainda à nadinha saí no encalço de um passarinho, cujo o canto eu quis ouvir. Segui-o até à orla da mata e, tão logo se calou, me tornei ao convento. Como pois não me conheceis?! É verdade também não vos conheço!!
Foi o porteiro chamar o D. Abade a quem narrara, intrigado o caso. Este não se surpreendeu menos e postos a desvendar o mistério, consultando livros e registos, deles constava o desaparecimento de um frade, mas sobre o qual já haviam passado 300 anos. Nunca mais dele houvera rastos ou noticias.
Foi então que por mais diligências, concluíram, ter sido aquele para quem miraculosamente trezentos anos se passaram num momento. Assim ele compreendeu que para Deus não há diferença de tempo.

»» A Lenda do Milagre das Cruzes ««

O povo fez aparecer, no local da aparição, uma ermida em honra do senhor da Cruz às costas, venerado numa imagem que um mercador destas terras trouxe de Flandres. A lenda entretanto explica de outro modo a presença da imagem. Segundo a tradição o Senhor da Cruz era irmão dos Senhores de Matosinhos e de Fão os quais teriam sido lançados à água em terras distantes. A corrente tê-los-ia lançado um à praia de Matosinhos, outro à de Fão e o terceiro teria subido o Cávado de onde teria sido recolhido por almas piedosas que o levaram até Barcelos, dando-lhe aconchego na ermida do Senhor da Cruz, de onde nunca mais foi demovido

»» Lenda do Vinho ««

Há muitos milhares de anos, um homem que passou a vida na Grécia, quando se sentiu velho regressou á sua Pátria, a Itália, e resolveu levar com ele uma linda videirinha, pois não se lembrava de, na sua infância, ter visto tal planta na sua terra natal.
Como não tinha vaso para a transportar, utilizou o que tinha à mão, um osso de galo. Esvaziou-o e meteu dentro as suas raízes com um pouco de terra.
Ora como se deslocava a pé, levou muito tempo a fazer a viagem e a videira cresceu. Não teve outro remédio senão mudá-las para um osso de leão que encontrou pelo caminho.
Mas com a planta continuasse a crescer, Dionísio, assim se chamava o viajante, que teve a sorte de deparar com um osso de burro, para lá mudou a plantinha.
Consta que daquela videira se fizeram muitas outras, e por ela ter crescido em estranhos “vasos”, quem bebe pouco vinho, fica alegre como o galo; quem bebe mais, fica forte como um leão, Castanhas e vinho e quem muito abusa do vinho, perde as ideias e fica mesmo estúpido como um burro

A Padeira de Aljubarrota
Brites de Almeida não foi uma mulher vulgar. Era feia, grande, com os cabelos crespos e muito, muito forte. Não se enquadrava nos típicos padrões femininos e tinha um comportamento masculino, o que se reflectiu nas profissões que teve ao longo da vida. Nasceu em Faro, de família pobre e humilde e em criança preferia mais vagabundear e andar à pancada que ajudar os pais na taberna de donde estes tiravam o sustento diário. Aos vinte anos ficou órfã, vendeu os poucos bens que herdou e meteu-se ao caminho, andando de lugar em lugar e convivendo com todo o tipo de gente. Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente. Apesar da sua temível reputação houve um soldado que, encantado com as suas proezas, a procurou e lhe propôs casamento. Ela, que não estava interessada em perder a sua independência, impôs-lhe a condição de lutarem antes do casamento. Como resultado, o soldado ficou ferido de morte e Brites fugiu de barco para Castela com medo da justiça. Mas o destino quis que o barco fosse capturado por piratas mouros e Brites foi vendida como escrava. Com a ajuda de dois outros escravos portugueses conseguiu fugir para Portugal numa embarcação que, apanhada por uma tempestade, veio dar à praia da Ericeira. Procurada ainda pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve. Um dia, cansada daquela vida, aceitou o trabalho de padeira em Aljubarrota e casou-se com um honesto lavrador..., provavelmente tão forte quanto ela.

O dia 14 de Agosto de 1385 amanheceu com os primeiros clamores da batalha de Aljubarrota e Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua natureza. Pegou na primeira arma que achou e juntou-se ao exército português que naquele dia derrotou o invasor castelhano. Chegando a casa cansada mas satisfeita, despertou-a um estranho ruído: dentro do forno estavam sete castelhanos escondidos. Brites pegou na sua pá de padeira e matou-os logo ali. Tomada de zelo nacionalista, liderou um grupo de mulheres que perseguiram os fugitivos castelhanos que ainda se escondiam pelas redondezas. Conta a história que Brites acabou os seus dias em paz junto do seu lavrador mas a memória dos seus feitos heróicos ficou para sempre como símbolo da independência de Portugal. A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos, fazendo parte da procissão do 14 de Agosto.


O Monstro de Aljubarrota
No dia 14 de Agosto de 1385 estavam os exércitos português e castelhano frente a frente, naquela que seria conhecida para sempre como a batalha de Aljubarrota. Eram cerca de 22 000 castelhanos contra 7 000 portugueses, mas, apesar da desproporção de forças, os espanhóis hesitavam em atacar, impressionados pela serenidade mística dos portugueses. Assim ficaram durante horas, mas por fim os castelhanos avançaram e a luta foi renhida, não conseguindo o invasor atingir a estratégica defesa portuguesa. Desesperados e tendo conhecimento da existência de uma grande fera nas imediações do terreno, os castelhanos decidiram procurar a besta infernal para que esta os auxiliasse. Neste grupo de busca encontrava-se um reputado bruxo castelhano que capturaria o monstro através das suas artes mágicas. Após ter sido hipnotizado pelo bruxo, o monstro concordou em ajudar os castelhanos. Colocado em frente do exército português, livrou-o o bruxo da sua influência para que pudesse recuperar o seu carácter violento e devorar os portugueses. O monstro temível avançou e começou a desfazer os soldados que estavam à sua frente, assustando até D. João I que se lembrou de invocar a ajuda do seu patrono S. Jorge e da Virgem Maria, com toda a fé que tinha. Segundo a lenda, S. Jorge desceu dos céus montado no seu cavalo e rodeado por uma bola de fogo, lançando-se com a sua lança sobre a terrível fera. Depois de vencer o monstro, S. Jorge virou-se contra o exército inimigo desbaratando as sua fileiras e ajudando os portugueses a alcançar a vitória. D. João I mandou edificar uma ermida onde foi colocada a imagem de S. Jorge montado no seu cavalo, matando o monstro com a sua lança.

O Milagre das Rosas
Era uma vez ... vivia o Rei D. Dinis com a Rainha Santa Isabel, no Castelo de Leiria.
A Rainha tinha mandado fazer a igreja de Nossa Senhora da Penha, lá no Castelo, onde moravam, na qual trabalhavam muitos alvanéis.
Santa Isabel, que era muito caridosa e dava muitas esmolas aos pobres, o que às vezes contrariava o Rei, que era bom administrador do reino e da sua fazenda, tanto mais que as esmolas da sua mulher eram grandes e repetitivas.
Um dia, levava a Rainha, numa abada do seu manto, grande quantidade de pães para distribuir pelos mais pobres, quando lhe apareceu, de surpresa, seu marido e Rei, que conhecendo demasiado bem o espírito de bem–fazer da Rainha e calculando o que ela levava na aba do seu manto, lhe perguntou:
“Que levais aí, Senhora?”
Ao que a Rainha Santa lhe responde:
“Rosas, Senhor!”
E a Santa Rainha abrindo o manto em que levava os pães destinados aos pobres, deixou-os cair já transformadas em lindas rosas, frescas e viçosas.
O Rei seguiu seu caminho, sorrindo contente e a Rainha ficou mais contente ainda.
PASTORINHA DO ARRABAL
Era uma vez ... em tempos muito antigos, estava uma menina a pastorear o seu rebanho de algumas cabras.
Era um dia de canícula pesada, um daqueles dias em que a própria camisa é roupa demais para se trazer vestida.
E a menina pastora tinha sede. Tinha muita sede e, como não tinha ali água para se dessedentar, nem havia fonte próxima, a pequenina pastora chorava.
Chorava com sede e ninguém lhe acudia.
Eis se não quando uma fada muito branca, envolta em uma nuvem ainda mais branca, se aproximou da pastorinha que chorava e lhe perguntou:
“Que tens tu, pastorinha, para chorares tanto?”
“Choro porque tenho sede, muita sede, e aqui não há água para beber.”
“E porque não vais a tua casa beber água?”
“Não vou a minha casa beber água porque o meu pai bate-me, como já me tem batido de outras vezes por eu ir a casa. Ele não quer que eu deixe o gado sozinho.”
“Então vai a casa – lhe diz a fada – e leva as cabrinhas à tua frente. Lá bebes água e voltas ao pascigo.”
“O meu pai só quer que eu saia com o gado de manhãzinha, que traga a merenda e que regresse pouco antes do lusco–fusco. E, se assim não fizer, o meu pai bate-me.”
“Então, olha! Lhe disse a fada. Levanta aquela pedra, que ali está, e lá encontrarás água para beber.”
A pastorinha que tinha muita sede e que chorava por não ter água para beber, foi levantar a pedra, como lhe tinha mandado a boa fada, e lá encontrou água muito fresca, pura e cristalina, que a menina pastora bebeu, até ficar saciada. E a pastorinha deixou de chorar, e, já sorridente, olhou, com alegria, as suas cabrinhas a pastar sob o sol tórrido daquele dia de Verão.
E voltando o seu olhar agradecido para a boa fada que lhe matara a sede, já não a viu. Nunca mais a viu, mas também nunca mais a esqueceu.

A Senhora da Lapa
Diz a lenda que a imagem de Nossa Senhora da Lapa apareceu num penedo de difícil acesso, na Beira Alta. Os devotos construíram-lhe um templo num local mais acessível, mas a imagem da Senhora fugia para o seu penedo sempre que a punham na nova capela. Este facto insólito ocorreu tantas vezes que os devotos fizeram a vontade à Virgem e construíram-lhe uma capela no penedo. E a Senhora da Lapa lá está hoje, num sítio em que para a ver o crente tem de entrar de lado, por mais magro que seja. Curiosamente, o crente mais gordo de lado entra sempre. Um dos milagres atribuídos a esta Senhora é o que ocorreu com um caminhante que, adormecendo junto à capela, entrou-lhe na boca entreaberta uma cobra. Aflito, o homem acordou e imediatamente invocou no seu pensamento a Senhora da Lapa. Conta a lenda que a cobra imediatamente virou a cabeça para fora da boca, sendo depois apanhada e morta.
LENDA DA SERRA DA ESTRELA
Há muitos anos havia um pastor que todas as noites se encontrava com uma estrela no alto da serra.
Um certo dia chegou aos ouvidos do Rei que o pastor falava com essa estrela e o Rei mandou chamar o pastor e propôs-lhe que trocasse a sua estrela por uma grande riqueza.
O pastor disse-lhe que não trocaria a sua amiga, e que antes queria continuar a ser pobre do que perder a sua querida estrela.
O pastor voltou à sua cabana no alto da serra e ouviu a estrela dizer que já sentia receio do pastor se entusiasmar pelo dinheiro e deixar a estrela ir para as mãos do poderoso Rei.
O pastor disse-lhe que vale mais uma amiga do que muito dinheiro e disse-lhe também com voz de profeta que daí em diante aquela serra se chamaria "Serra da Estrela".
E até agora diz-se que no alto da serra há uma estrela que brilha de maneira diferente, ainda à procura do velho pastor.

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