Mensagem de Meijinhos

widgeo.net
Aqui pode ouvir a Rádio Luso

terça-feira, 19 de abril de 2011

Costumes em Meijinhos

Alguns Costumes em Meijinhos noutra hora,agora alguns esquecidos

Freguesia de Meijinhos, sendo uma terra muito antiga, naturalmente foi acumulando bastantes tradições. Muitas delas já se perderam, outras resistem ainda, mas caminham a passos largos para a sua extinção. É pois importante a recolha destas tradições. Vamos tentar descrever algumas delas, segundo o calendário:



— Janeiras


Grupos de rapazes cantavam à noite as “Janeiras”. Durante vários dias percorriam todas as casas da freguesia a pedir as Janeiras que normalmente eram constituídas por ofertas em dinheiro ou produtos alimentares. A recolha feita revertia a favor do grupo que se divertia imenso nesse convívio alegre e saudável. Estas eram algumas das quadras cantadas nas


“Janeiras”:


Ainda agora aqui cheguei Já pus os pés nas escadas Logo o meu coração disse: - Aqui mora, gente honrada. Aqui mora gente honrada Assim era o meu destino Venha-nos dar as Janeiras Em louvor do Deus menino. Levante-se minha Senhora Desse banquinho de prata Venha-nos dar as Janeiras Que está um frio que mata. Venha-nos dar as Janeiras Se lá houver de dar Que nós somos de muito longe Temos muito para andar. Levante-se minha Senhora Desse banquinho de cortiça Venha-nos dar as Janeiras A morcela ou a chouriça. Quando os donos da casa não se resolviam abrir a porta o grupo cantava-lhe assim:
Cantamos e recantamos E voltamos a cantar Estes barbas de farelo Não têm nada para dar.


— Carnaval ou Entrudo


O Carnaval festeja-se dum modo muito simples, popular e muito divertido. Saíam à rua alguns figurantes mascarados com roupas muito velhas e rasgadas. Estes figurantes percorriam as ruas principais da freguesia, assustando com paus as pessoas que assistiam ao desfile. Muitos destes entrudos vinham acompanhados de burros e cumpriam o ritual das visitas à taberna, onde naturalmente eram convidados a beber. Rebentavam-se as bombas de Carnaval que eram guardadas desde a festa do S.Brás. Nessa festa a rapaziada percorria os campos onde caíam as canas não rebentadas dos foguetes.


— Ladainha


Pela quaresma, a rapaziada de Meijinhos juntava-se, diariamente, no ribeiro e dirigia-se para a Igreja Paroquial de Meijinhos(agora Monumento Nacional), rezando a ladainha, numa manifestação curiosa e popular do fervor religioso existente em Meijinhos. Este grupo de rapazes tinha um regulamento interno que previa multas para quem faltasse às ladainhas.


— Engraxar - Engraxar


Este costume do “engraxar, engraxar” era uma espécie de contracto entre duas crianças, feito com um gesto de dedos unidos, selado com esta cantilena:
“Engraxar, engraxar, quando te mandar rezar, reza.”
Depois de hora a hora, quando se encontravam, o 1º a ver o outro gritava “reza” e ganhava vantagem para obter as amêndoas, desde que o outro não estivesse debaixo de telha. O último a receber a ordem de “rezar” até Sábado de Aleluia ficava com a obrigação de comprar as amêndoas ao outro no dia da festa do S.Brás.


— As Alvíssaras


À meia noite de Sábado de Aleluia, os sinos da Igreja anunciavam a ressurreição de Jesus. À mesma hora a rapaziada cantava as alvíssaras de casa em casa. Às 4 horas da manhã, no adro da igreja, de joelhos junto à porta principal rezava-se em louvor da Sagrada Ressurreição. O canto entoado evoca a mãe de Jesus e outros Santos venerados na igreja.
Virgem, Mãe de deus, dos Anjos Onde tendes a morada? - Lá no cimo do lugar, Numa capela caiada.
Virgem, Mãe de deus, dos Anjos Onde creis que Vos encontre? - Lá ao cimo do lugar No carreirinho da fonte
Virgem, Mãe de deus, dos Anjos Alvíssaras vimos pedir, O vosso bendito filho Já tornou a ressurgir!
Virgem, Mãe de deus, dos Anjos Alvíssaras vimos tirar; O vosso bendito filho Já tornou a ressuscitar;
Por cima coberta de ouro, Por baixo de prata fina De roda cercada de anjos Ó que linda companhia.
Senhor S. Sebastião, Cavalheiro bom e forte, Acompanhai-nos na vida E tão bem na morte.
Senhor S. Sebastião Cavalheiro bom e que gesto Toda a minha vida Eu hei-de viver convosco
Divino Espírito Santo, A pombinha quer fugir Se fugir que vá embora Que ela tornará a vir.
Divino Espírito Santo, Divino Consolador, Consolai a minha alma Quando deste mundo for.
Vamos ver a casa santa Onde os anjos têm morada Onde está o cálice bento E a hóstia consagrada.
Vamos ver a casa santaOnde os anjos são croados Onde está Nosso Senhor Jesus Sacramento.
Vamos ver a casa santa Onde os santinhos todos estão Onde está Nosso Senhor E o milagroso Santo Antão.
Já lá vem o Padre Eterno Do seu divino palácio Com a pombinha ao peito É Jesus Cristo nos braços
Divino Espírito Santo Sois Pai de Piedade, Sois a terceira pessoa Da Santíssima Trindade.
Milagroso Santo Antão Que tendes no campanário Um galo preto romano Que canta que é um regalo!
Passarinhos que cantais Na oliveira da esquina, Cantai uma Avé Maria À Senhora Santa Sabina.
Passarinhos que cantais Na oliveira do adro, Cantai uma Avé-Maria À Senhora do Rosário.
Passarinhos que cantais Na oliveira de canto, Cantai uma Avé-Maria Ao Divino Espírito Santo!
Já lá vem amanhecendo Já lá vem o claro dia. Já lá vem Maria Rosa Já lá vem Rosa Maria.
Caminhando vai José, Caminhando vai Maria; Caminhando vai de noite Que de dia não podia.
Lá chegando a Belém, Já toda a gente dormia; O porteiro era ingrato Abrir as portas não queria.
São José foi buscar lume Enquanto amanhecia... São José veio com o lume E achou a Virgem parida
Passarinhos que cantaisNa oliveira maior, Cantai uma Avé-Maria Ao Divino Nosso Senhor!
Saia o sacramento fora A dar a volta à igreja; Torne-se a ir a recolher Onde toda a dente O veja.
Saia o Sacramento fora A dar a volta pelo adro; Torne-se a ir a recolher A caixinha do sacrário.




— Mês de Maria


No mês de Maio, à noite, rezava-se o terço na igreja . Esta celebração revestia-se de um carácter solene e festivo. No final do terço, as raparigas dirigiam-se ao altar de Nossa Senhora de Fátima, entoavam cânticos apropriados e ofereciam flores.



— Ceifas e Malhas


As ceifas eram uma actividade importante em Meijinhos pois o centeio e a cevada era cultivado por toda a freguesia. As mulheres de foice em punho cortavam o centeio enquanto que os homens o atavam e carregavam para os carros de bois a fim de ser transportado para as eiras onde eram malhados. A malha era feita a mangual. Grupos de homens alinhavam-se habitualmente em grupos de oito de cada lado. Havia sempre o “Cavaleiro” que incitava os malhadores com palavras ditas em alta voz: “Mais à frente...atira” “Mais longe... atira”, “Mais alto... atira”... Nas malhas havia sempre rancho melhorado. No inicio dos anos 60 começaram a surgir as malhadeiras que vieram revolucionar esta actividade.




— S. Martinho


No dia 11 de Novembro, dia de S. Martinho, havia uma rusga pela noite que terminava nos “copos”. A rapaziada arranjava um palhaço de palha com uma botelha e uma vela lá dentro, munida de chocalhos, numa gritaria e num choro estridente pela morte de S. Martinho. O cortejo dirigia-se finalmente para o sítio do “Ribeiro” onde um figurante desempenhando a função de padre fazia o elogio fúnebre a S. Martinho que era seguido de uma choradeira por parte dos companheiros. Procedia-se então ao funeral que consistia em queimar o palhaço e depois enterrar os restos nos baldios.



— Varejas


Nos meses de Dezembro e Janeiro faziam-se as varejas. Como em Meijinhos não havia olivais ,então iam ganhar o dia para o Douro onde se deslocavam vários KM a pé até chegarem as Quintas no Douro, onde já ficavam rogados das vindimas.Estas varejas terminavam com um convívio entre os intervenientes na vareja havendo rancho melhorado e vários jogos de animação.




— Missa do Galo – Consoada – Madeiro



Na noite de consoada reuniam-se as famílias a fim de passar esta noite especial. Depois todos iam à “Missa do Galo” celebrada com muita solenidade. Os rapazes queimavam o “Madeiro” até de madrugada junto ao ribeiro ou na Eira dos Paúlos. A lenha era arranjada pelos rapazes. Umas vezes pediam a lenha aos donos outras vezes era roubada nas encostas da serra. O carregamento da lenha durante a noite constituía sempre uma perigosa mas desejada aventura.




— Matança do Porco



Entre os Santos e o Natal faziam-se as matanças. Este acontecimento era sempre associada a uma reunião familiar em ambiente de festa. A matança tinha um ritual curioso: apanhar o porco no cortelho, colocá-lo no banco comprido, queimar os pêlos com palha, fazer-lhe a barba, lavá-la com pedras, pesá-lo e comer o primeiro petisco. As mulheres iam lavar as tripas para o Ribeiro . As chouriças, os salpicões e as farinheiras eram feitas mais tarde. Havia um almoço e jantar melhorado, como nos dias de festa.




— Bailes



Os Bailes eram habitualmente abrilhantados ao som de Concertina ou Realejo e violas, que dava uma volta ao povo para anunciar a realização do baile. À noite os rapazes organizadores do baile batiam às portas onde havia raparigas, a fim de pedirem autorização aos pais para que elas pudessem ir ao baile. Estes ou eram feitos na rua ou em casas particulares.




---Festa do S.Brás



A Festa ao Milagroso S.Brás, é realizada agora no primeiro fim de semana a seguir ao dia 3 de Fevereiro.
Escolhidos e nomeados os Mordomos, tratam de fazer vários Leilões (agora foram já esquecidos)onde os Meijinhenses faziam surpresas para depois leiloarem e assim se angariava algum dinheiro para a festa, que depois umas semanas antes das festas os mordomos vão por as terras vizinhas pedir a esmola e também tiram o rol na Freguesia.
Também nomeiam uns mordomos em Lisboa, onde por lá habitam muitos Meijinhenses que depois organizavam vários autocarros para virem a festa, onde eram recebidos com uma salva de morteiro.
São algumas tradições da nossa Freguesia.

Sem comentários:

Enviar um comentário