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quinta-feira, 12 de maio de 2011

História de 13 de Maio em Fátima

























História das Aparições

A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos.
Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol", de cujas mãos pendia um terço branco.
A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.
Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a "Senhora do Rosário" e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.
Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917.
Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência.
Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia-a-dia, num montante anual de cinco milhões.

Os videntes de Fátima

Sobre os três videntes de Fátima

Lúcia, Francisco e Jacinta, os três videntes de Fátima

LÚCIA DE JESUS
A principal protagonista das Aparições nasceu em 22 de Março de 1907, em Aljustrel, paróquia de Fátima, e faleceu no dia 13 de Fevereiro de 2005.Em 17 de Junho de 1921, ingressou no Asilo de Vilar (Porto), dirigido pelas religiosas de Santa Doroteia. Depois foi para Tuy, onde tomou o hábito, com o nome de Maria Lúcia das Dores. Fez a profissão religiosa de votos temporários em 3 de Outubro de 1928 e, em 3 de Outubro de 1934, a de votos perpétuos. No dia 25 de Março de 1948, transferiu-se para Coimbra, onde ingressou no Carmelo de Santa Teresa, tomando o nome de Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado. No dia 31 de Maio de 1949, fez a sua profissão de votos solenes.A Irmã Lúcia veio a Fátima várias vezes: em 22 de Maio de 1946; em 13 de Maio de 1967; em 1981, para dirigir, no Carmelo, um trabalho pictórico sobre as Aparições; em 13 de Maio de 1982, 13 de Maio de 1991 e 13 de Maio de 2000.
Faleceu no Convento de Santa Teresa, em Coimbra, a 13 de Fevereiro de 2005. A 19 de Fevereiro de 2006 o seu corpo foi trasladado para a Basílica do Santuário de Fátima, onde foi tumulado ao lado da sua prima, a vidente Beata Jacinta Marto.
Biografia mais completa: ../portal/index.php?id=2782

FRANCISCO MARTO
Nasceu em 11 de Junho de 1908, em Aljustrel. Faleceu santamente no dia 4 de Abril de 1919, na casa de seus pais. Muito sensível e contemplativo, orientou toda a sua oração e penitência para "consolar a Nosso Senhor".
Os seus restos mortais ficaram sepultados no cemitério paroquial até ao dia 13 de Março de 1952, data em que foram trasladados para a Basílica da Cova da Iria, lado nascente.
Sobre o Centenário do Nascimento de Francisco Marto (Com Biografia mais completa):
../portal/index.php?id=2940


JACINTA MARTO
Nasceu em Aljustrel, no dia 11 de Março de 1910. Morreu santamente em 20 de Fevereiro de 1920, no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, depois de uma longa e dolorosa doença, oferecendo todos os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo e pelo Santo Padre. Em 12 de Setembro de 1935 foi solenemente trasladado o seu cadáver do jazigo da família do Barão de Alvaiázere, em Vila Nova de Ourém, para o cemitério de Fátima, e colocado junto dos restos mortais do seu irmãozinho Francisco. No dia 1 de Maio de 1951, efectuou-se, com a maior simplicidade, a trasladação dos restos mortais de Jacinta para o novo sepulcro preparado na Basílica da Cova da Iria, lado poente.

Processo de Beatificação dos videntes Francisco e Jacinta Marto
O processo de beatificação dos Videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, depois das primeiras diligências feitas em 1945, foi iniciado em 1952 e concluído em 1979.
Em 15 de Fevereiro de 1988, foi entregue ao Santo Padre João Paulo II e à Congregação para a Causa dos Santos a documentação final levou o Santo Padre a proclamar "beatos" os dois videntes de Fátima, a 13 de Maio de 2000.

Cronologia de Fátima - Datas principais

1916 - Primavera, Verão e Outono - Aparições do Anjo.

1917 - Nos dias 13 dos meses de Maio, Junho, Julho, Setembro e Outubro - Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria; em 19 de Agosto, nos Valinhos.

04-04-1919 - Morre o vidente Francisco Marto, em Aljustrel.
28-04-1919 - Início da construção da Capelinha das Aparições.
20-02-1920 - Morre a vidente Jacinta Marto, no Hospital de Dª Estefânia, em Lisboa.
13-10-1921 - É Permitida a celebração da Missa, pela primeira vez, junto à Capelinha das Aparições.
06-03-1922 - A Capelinha das Aparições é destruída, sendo restaurada um ano depois.
03-05-1922 - Provisão do Bispo de Leiria, mandando instaurar o processo canónico sobre os acontecimentos de Fátima.
13-10-1922 - Inicia-se a publicação da "Voz de Fátima".
26-06-1927 - O Bispo de Leiria preside, pela primeira vez, a uma cerimónia oficial na Cova da Iria, depois da bênção das estações da Via-Sacra, desde o Reguengo do Fetal (11 Kms).
13-05-1928 - Lançamento da primeira pedra da Basílica.
13-10-1930 - Pela Carta Pastoral "A Divina Providência", o Bispo de Leiria declara "dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria" e permite oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima.
13-05-1931 - Primeira Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, feita pelo Episcopado Português, no seguimento da Mensagem de Fátima.
12-09-1935 - Trasladação dos restos mortais de Jacinta Marto, do cemitério de Vila Nova de Ourém para o de Fátima.
13-05-1942 - Grande peregrinação para assinalar o 25º aniversário das Aparições.
31-10-1942 - Pio XII, falando em português pela rádio, consagra o Mundo ao Imaculado Coração de Maria, com menção velada da Rússia, segundo o pedido de Nossa Senhora.
13-05-1946 - Coroação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, da Capelinha das Aparições (coroa oferecida pelas mulheres portuguesas), pelo Cardeal Masella, Legado Pontifício.
01-05-1951 - Trasladação dos restos mortais de Jacinta Marto, do cemitério de Fátima para a Basílica do Santuário.
13-10-1951 - Encerramento do Ano Santo (Universal), em Fátima, pelo Cardeal Tedeschini, Legado Pontifício.
13-03-1952 - Trasladação dos restos mortais de Francisco Marto, do cemitério de Fátima para a Basílica do Santuário.
07-07-1952 - Consagração dos Povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pelo Papa Pio XII.
07-10-1953 - Sagração da Igreja do Santuário de Fátima.
12-11-1954 - O Papa Pio XII concede o título de Basílica menor à Igreja do Santuário.
13-05-1956 - O Cardeal Roncalli, Patriarca de Veneza, futuro Papa João XXIII, preside à peregrinação internacional aniversária.
01-01-1960 - Início do Sagrado Lausperene no Santuário de Fátima.
21-11-1964 - Ao encerrar a 3ª sessão do Concilio Ecuménico Vaticano II, o Papa Paulo VI anuncia diante dos 2.500 padres conciliares, a concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima.
13-05-1965 - Entrega da Rosa de Ouro pelo Cardeal Fernando Cento, legado Pontifício, durante a Peregrinação Internacional Aniversária.
13-05-1967 - O Papa Paulo VI desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja.
13-05-1977 - A Peregrinação do 60º aniversário da 1ª Aparição foi presidida pelo Cardeal Humberto Medeiros, Arcebispo de Boston, legado Pontifício.
10-07-1977 - Peregrinação a Fátima do Cardeal Albino Luciani, Patriarca de Veneza, depois Papa João Paulo I.
19-09-1977 - Elevação de Fátima à categoria de Vila.
12/13-05-1982 - O Papa João Paulo II vem em peregrinação a Fátima agradecer o ter escapado com vida, um ano antes, na Praça de S. Pedro, e, de joelhos, consagra a Igreja, os Homens e os Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado Coração de Maria.
25-03-1984 - Na Praça de S. Pedro, no Vaticano, diante da Imagem de Nossa Senhora de Fátima ida expressamente da Capelinha das Aparições, João Paulo II faz, uma vez mais, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em união com todos os Bispos do Mundo.
12/13-05-1991 - O Santo Padre João Paulo II vem pela segunda vez a Fátima, como peregrino, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro, no Vaticano, presidindo à Peregrinação Internacional Aniversária.
04-06-1997 - A Assembleia da República Portuguesa eleva a Vila de Fátima à categoria de cidade.
13-05-2000 - Beatificação de Francisco e Jacinta Marto, por ocasião da 3ª visita de João Paulo II a Fátima.
13-02-2005 - Falecimento da Ir. Lúcia.
02-04-2005 - Falecimento de João Paulo II.
19-02-2006 - Trasladação do corpo da Irmã Lúcia do Convento de Santa Teresa, em Coimbra, para a Basílica do Santuário de Fátima.
12-10-2007 - Dedicação da Igreja da Santíssima Trindade, pelo Legado Pontifício, D. Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano.

INFORMAÇÕES SUPLEMENTARES
A cidade de Fátima tem actualmente cerca de 8.000 habitantes. Nela estão instalados vários colégios de ensino secundário. A capacidade hoteleira é de cerca de 10.000 camas, incluindo bastantes casas religiosas que recebem peregrinos e retirantes. As congregações masculinas são cerca de 15, com vários seminários e noviciados. As femininas são cerca de 47.
O Segredo de Fátima

Conforme o exposto nas Memórias da Irmã Lúcia, o chamado Segredo de Fátima consta de três partes distintas:1ª Parte – A visão do InfernoRefere a Irmã Lúcia no nº 2 da sua Terceira Memória, a propósito da aparição de 13 de Julho de 1917: “Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados em esse fogo, os demónios e as almas, como se fossem transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gemidos e gritos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparente e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição)! Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor”.2ª Parte – Devoção ao Imaculado Coração de MariaNo nº 5 da mencionada Terceira Memória, refere a Irmã Lúcia, citando a Aparição de 13 de Junho de 1917, que Nossa Senhora “me disse que nunca me deixaria e que Seu Imaculado Coração seria o meu refúgio e o caminho que me conduziria a Deus. Que foi ao dizer estas palavras que abriu as mãos, fazendo-nos penetrar no peito o reflexo que delas expedia. Parece-me que, em este dia, este reflexo teve por fim principal infundir em nós um conhecimento e amor especial para com o Coração Imaculado de Maria; assim como das outras duas vezes o teve, me parece, a respeito de Deus e do mistério da Santíssima Trindade. Desde esse dia, sentimos no coração um amor mais ardente pelo Coração Imaculado de Maria”.3ª Parte – Última revelação do SegredoDurante a aparição de 13 de Julho de 1917, segundo o relato final do nº 5 da Quarta Memória da Irmã Lúcia, Nossa Senhora, depois de referir os erros que a Rússia espalharia pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, se não atendessem aos Seus pedidos, acrescenta: “Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará.O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé, etc. Isto não o digais a ninguém”.Com efeito, os 3 Pastorinhos apesar de inúmeras ameaças, guardaram inviolavelmente este segredo, o qual só mais tarde foi escrito pela Irmã Lúcia, em obediência à ordem explícita do Bispo da Diocese de Leiria, sendo posteriormente enviado à Santa Sé.Por fim, em 13 de Maio de 2000, no encerramento da celebração Eucarística, presidida por João Paulo II no recinto do Santuário de Fátima, o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, anunciou, em linhas gerais, o significado do conteúdo da “Terceira Parte” do segredo de Fátima, cujo texto integral seria depois divulgado pela Congregação para a Doutrina da Fé; conforme o texto publicado pela edição portuguesa do semanário L’Osservatore Romano, ano XXXI, nº 21, de 20 de Maio de 2000, p. 9, o Cardeal Sodano acrescenta: “A visão de Fátima refere-se sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milénio. É uma Via-Sacra sem fim, guiada pelos Papas do século XX”.Transcreve-se, a seguir, o texto da parte do segredo escrito pela Irmã Lúcia em 3 de Janeiro de 1944, constante dos documentos publicados pela Congregação para a Doutrina da Fé, e editados no ano 2000 pela Libreria Editrice Vaticana:“J. M. J.A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da Iria – Fátima.Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n’uma luz emensa que é Deus: “algo semelhante a como se vem as pessoas n’um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n’êles recolhiam o sangue dos Mártires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus.Tuy, 3-1-1944”.



BREVE HISTÓRIA DO SANTUÁRIO
DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA


(Anexo I)
O acontecimento fundante
1. Os Santuários são o prolongamento, no tempo, de um
“acontecimento fundante”, uma manifestação sobrenatural, cuja
autenticidade seja reconhecida pela Igreja, que assim a situa no conjunto
do desígnio salvífi co de Deus. É esta manifestação sobrenatural
que atrai os peregrinos e defi ne a especifi cidade da missão de
um Santuário, no contexto da missão salvífi ca da Igreja.
Em Fátima, o acontecimento sobrenatural que dá origem ao
Santuário, é constituído pelas aparições de Nossa Senhora a três
crianças, Lúcia de Jesus Santos e seus primos, Francisco Marto e
Jacinta Marto, entre 13 de Maio e 13 de Outubro de 1917. A credibilidade
eclesial das aparições de Fátima foi declarada pelo Bispo
de Leiria, em Carta Pastoral de 13 de Outubro de 1930: “Havemos
por bem declarar, como dignas de crédito, as visões das crianças
na Cova da Iria, freguesia de Fátima, desta diocese, nos dias 13 de
Maio a Outubro de 1917 e permitir ofi cialmente o culto de Nossa
Senhora de Fátima”.
Esta declaração do Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da
Silva, culmina um longo processo canónico, praticamente iniciado
logo a seguir às aparições, ainda sobre a autoridade do Patriarca
de Lisboa, Diocese a que pertencia Fátima ao tempo das aparições
– a Diocese de Leiria é restaurada a 17 de Janeiro de 1918 e o seu
primeiro Bispo toma posse a 15 de Maio de 1920 – encarregando
o Pároco de Fátima e os Vigários de Ourém e Porto de Mós, de fa-

zerem inquéritos sobre os acontecimentos. Iniciava-se, assim, um
longo processo canónico, que termina com o relatório do Cón. Dr.
Manuel Formigão, de 13 de Abril de 1930, base para a declaração do
Bispo de Leiria.
2. Uma vez declarada a credibilidade eclesial das aparições,
tornam-se ofi ciais os elementos que vão inspirar o desenvolvimento
do Santuário de Fátima, que já era uma realidade signifi cativa à
data dessa declaração, e defi nir a sua missão:
• A mensagem salvífi ca comunicada por Nossa Senhora aos
Pastorinhos, a “Mensagem de Fátima” (cf. Anexo II), inspirará
sempre a fi sionomia pastoral do Santuário;
• O desejo de Nossa Senhora de que se construísse uma Capela
no lugar das aparições;
• A grande afl uência de peregrinos, que se inicia ainda durante
as aparições;
• A divulgação da “Mensagem”, a partir de Fátima, para o
resto do mundo.
A construção de uma “Capela”
3. Nossa Senhora diz aos Pastorinhos “que queria que lhe
fi zessem uma Capela na Cova da Iria”. Vê-se ser intenção de Nossa
Senhora que a memória viva da sua mensagem, fi casse ligada a um
templo, ponto de convergência dos peregrinos e foco de irradiação
dessa mensagem. Esta “Capela” torna-se, assim, a actualização da
mensagem de Nossa Senhora.
O desejo de Nossa Senhora foi rapidamente cumprido, o que
mostra a seriedade da aceitação do conteúdo das aparições. De facto,
entre Abril e Junho de 1919 foi construída a primeira “Capelinha”.
O Bispo de Leiria visitou esta primeira “Capelinha” a 14 de
Setembro de 1921, tendo aí rezado o terço do Rosário. Nesse mesmo
dia autorizou “que se celebrasse missa rezada e sermão, nos dias
de grande concorrência popular” o que aconteceu logo no dia 13 de

Outubro desse ano. Vê-se, assim, que o Bispo de Leiria, muito antes
da declaração formal da credibilidade das aparições, manifestou a
sua fé no carácter misterioso das aparições de Fátima.
Esta primeira Capelinha foi alvo de um atentado destruidor,
na noite de 6 para 7 de Março de 1922. As aparições de Fátima tiveram
sempre inimigos o que, de certo modo, contribui para clarifi car
o seu carácter sobrenatural. Começou com a violência exercida sobre
as três crianças e suas famílias, pelas autoridades republicanas
do Concelho de Vila Nova de Ourém, em Agosto de 1917 e tem tido
outras expressões, quer em livros que pretendem destruir o carácter
sobrenatural de Fátima, quer em tentativas de manipulação do
fenómeno de Fátima, ao serviço de desígnios secretos e inconfessados.
Isto mostra que a missão do Santuário é também a defesa da
autenticidade das aparições de Fátima, contra todos os ataques que
lhe são dirigidos.
Apesar das reticências do Bispo de Leiria, que temia novos
ataques, a “Capelinha” foi reconstruída entre 13 de Dezembro de
1922 e 13 de Janeiro de 1923. A última remodelação de fundo da
“Capelinha das Aparições” obedeceu a uma remodelação geral dos
espaços do Santuário, teve início em 1981 e foram inaugurados por
João Paulo II, na sua primeira visita ao Santuário de Fátima, a 13 de
Maio de 1982, primeiro aniversário do atentado de que foi vítima,
na Praça de São Pedro, a 13 de Maio de 1981.
Um novo templo
4. A “Capelinha das Aparições” continua a ser o maior sinal
evocativo das aparições. Aí se venera a imagem de Nossa Senhora,
para aí peregrinam todos os que rumam a Fátima. Mas a afl uência
de peregrinos exigia a construção de um templo mais amplo. A
bênção da primeira pedra desse novo templo, hoje conhecido por
“Basílica”, teve lugar a 13 de Maio de 1928, mas a Igreja só viria a ser
sagrada a 7 de Outubro de 1953, pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa,
D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Sua Santidade o Papa Pio XII, pelo
Breve “Luce Superna”, de 12 de Novembro de 1954, conferiu-lhe o
título de “basílica menor”. Dedicada a Nossa Senhora do Rosário

evoca a maneira como Nossa Senhora se identifi cou aos “Pastorinhos”:
“Eu sou a Senhora do Rosário”. Para ela foram trasladados
os restos mortais dos Bem-Aventurados Francisco e Jacinta Marto e
recentemente (2006) os da Irmã Lúcia de Jesus.
5. A Basílica de Nossa Senhora do Rosário nunca resolveu
um problema, que se foi acentuando ao longo dos anos: a necessidade
de um espaço coberto para celebrações, para grupos intermédios
entre as multidões das “celebrações aniversarias” e outras, e os grupos
de todos os dias. Aos sábados e domingos juntam-se em Fátima
vários milhares de peregrinos, sem um espaço adaptado para a celebração
eucarística. Outros grandes santuários, como o de Lourdes,
resolveram já há tempo este problema dos “espaços intermédios”.
Depois de ter sido abandonado o projecto de uma “igreja
subterrânea”, talvez inspirada na solução de Lourdes, decidiu-se,
por ocasião do 75º Aniversário das Aparições, construir uma Igreja,
com 9.000 lugares sentados, dedicada à Santíssima Trindade, que se
espera poder inaugurar em 2007, 90º aniversário das aparições.
A construção da Igreja da Santíssima Trindade tem sido alvo
de contestação e mesmo de tentativas de desvirtuar a sua natureza e
fi nalidade. Mas ela situa-se na linha progressiva de desenvolvimento,
no Santuário, das estruturas de acolhimento aos peregrinos. Porque
a Santíssima Trindade é o mistério para onde converge toda a
revelação das Aparições, uma Igreja que lhe é dedicada é a cúpula de
uma estrutura física que tem na adoração a sua última razão de ser.
Acolher os peregrinos
6. Essa é a missão principal do Santuário de Fátima. A
afl uên cia de peregrinos é simultânea ao acontecimento das Aparições.
Logo que se sabe das Aparições, por indiscrição da Jacinta,
um número sempre crescente de pessoas acorrem a Fátima. Em 13
de Outubro, motivadas pelo anúncio de um milagre, que veio a fi -
car conhecido por “o milagre do sol”, os peregrinos eram já uma
multidão. No “memorandum” do Vigário de Ourém, P. Francisco
José Jacinto Ferreira, de 11 de Outubro de 1920, reconhece-se que

continuava a ir à Cova da Iria “uma grande romaria de fi éis, no dia
13 de cada mês”.
Em 1922, na “provisão” em que o Bispo de Leiria ofi cializava
o “processo canónico” e nomeava uma “comissão de inquérito
aos acontecimento de 1917”, o Senhor D. José afi rma que “mais ou
menos todos os dias, mas especialmente no dia 13 de cada mês, há
em Fátima uma grande concorrência de pessoas, vindas de toda a
parte, pessoas de todas as categorias sociais, que vão ali orar e agradecer
à Senhora do Rosário benefícios que, por seu intermédio, têm
recebido”.
E o fenómeno nunca parou de crescer, até aos cerca de
5.000.000 anuais de peregrinos, no momento presente. E porque
a sua principal função é acolher os peregrinos, o Santuário nunca
parou de crescer, de se transformar e adaptar às progressivas exigências
do acolhimento. À distância podemos verifi car que o desenvolvimento
físico e organizativo do Santuário foi uma resposta
às principais exigências desse acolhimento.
O acolhimento espiritual
7. A peregrinação é uma expressão da vida espiritual e o
principal desafi o da “Mensagem” é a conversão, através da oração
e da penitência. Compreende-se, assim, que a primeira expressão
do crescimento do Santuário visasse o criar condições e ambiente
para esta expressão espiritual dos peregrinos.
Já referimos que em 1921 o novo Bispo de Leiria autorizou a
celebração da Eucaristia na “Capelinha”. Já em 1921 se decide adquirir
os terrenos da “Cova da Iria”, para garantir o ambiente de
recolhimento. Em 1923 constrói-se uma residência para o Capelão.
A capelania permanente, com a nomeação do Capelão, o Rev.do P.
Manuel de Sousa, só acontecerá em 13 de Julho de 1927. Passará a
haver celebração diária da Eucaristia e o atendimento dos peregrinos
que o procurem. A criação desta capelania permanente é o gérmen
da futura Reitoria. O primeiro Reitor será nomeado em 1941,
na pessoa do Rev.do P. Amílcar Martins Fontes, coincidindo com a
criação da jurisdição autónoma da Paróquia de Fátima, concedida

ao Santuário, para que a vida sacramental dos peregrinos, incluindo
casamentos e baptizados, se tornasse mais simples e acessível. Esta
jurisdição autónoma do Santuário, exercida pelo Reitor, é confi rmada
e explicitada, em Provisão de 10 de Agosto de 1946.
Competia, igualmente, ao Reitor, presidir ao desenvolvimento
do Santuário. As sucessivas remodelações do recinto, até à actual,
foram sempre orientadas pela preocupação de dignifi car o espaço
das grandes celebrações.
O sacramento da Reconciliação
8. Lugar de conversão, a pastoral do Santuário sempre cuidou
das condições para o acesso fácil e recolhido ao sacramento
da Reconciliação. O desenvolvimento das estruturas materiais do
Santuário sempre contemplaram, com soluções sucessivas, consideradas
as melhores, as “capelas das confi ssões”. Paralelamente ao
espaço físico, foi-se criando um corpo de confessores nas grandes
peregrinações. Muitos sacerdotes encontraram nessas longas horas
de confessionário, em Fátima, as experiências mais gratifi cantes do
seu ministério sacerdotal.
A adoração eucarística
9. O culto eucarístico, central na vida da Igreja, está ligado,
desde o início, à “Mensagem de Fátima”. Já na aparição do Anjo,
antes das aparições de Nossa Senhora, a Eucaristia aparece no centro.
O Francisco descobriu, na sua alma contemplativa, a adoração
eucarística, a que ele chamava “o Jesus escondido”, como modo de
pôr em prática a Mensagem de Nossa Senhora.
Não admira, pois, que no desenvolvimento do Santuário,
paralelamente à criação de estruturas para a celebração eucarística,
se cuidasse sempre das condições para a adoração eucarística, ainda
hoje um dos pilares da espiritualidade de Fátima. Desde a nomeação
de um capelão permanente a 13 de Julho de 1927, se autoriza
a conservação permanente do Santíssimo Sacramento no local das
aparições. A prática da adoração eucarística desenvolveu-se e, a 1
de Janeiro de 1960, foi instituído o Sagrado Lausperene, ou seja, a
adoração permanente da Santa Eucaristia. Esta institucionalização,
garantida pelas Irmãs da Congregação de Nossa Senhora das Dores,
teve consequências no desenvolvimento físico das estruturas do
Santuário. Inicialmente instalado na Capela do Albergue de Nossa
Senhora do Carmo, transfere-se em 1967 para a Capela do Albergue
de Nossa Senhora das Dores e na última reestruturação dos espaços
do Santuário é construído um lugar próprio, ao fundo da Colunata
Sul. A seguir à “Capelinha”, é certamente o lugar mais procurado
pelos peregrinos de Fátima.
A centralidade de Jesus Cristo
10. Na base da espiritualidade de Fátima está uma teologia
viva acerca da centralidade de Jesus Cristo no mistério da salvação e
do papel de Maria, como medianeira e co-redentora. Fátima integra,
espontaneamente, as expressões tradicionais da fé dos portugueses
no que a esta centralidade de Jesus Cristo diz respeito: a devoção ao
Coração de Jesus e a meditação da Paixão do Senhor, expressa na
Via-Sacra.
Logo no início do desenvolvimento físico do Santuário, uma
estátua do Sagrado Coração de Jesus adquiriu centralidade em
relação à “Capelinha” e à futura Basílica do Rosário. Esta estátua
manteve-se, resistindo às sucessivas transformações do recinto do
Santuário. Igualmente a meditação da Paixão do Senhor, através da
Via-Sacra. Em 1927 é inaugurada, pelo Bispo de Leiria, uma Via-Sacra
na estrada entre o Reguengo do Fetal e a Cova da Iria, últimos
quinze quilómetros de um dos percursos dos peregrinos, ligando,
assim, a meditação da Paixão do Senhor à própria peregrinação.
Uma outra Via-Sacra é colocada nas colunatas da Basílica. E nos
Valinhos, um dos lugares de referência da história das aparições,
é construída entre 1959 e 1964 uma Via-Sacra, que termina no chamado
“Calvário Húngaro”. Este pormenor sugere a relação entre a
Paixão de Cristo e a “paixão da Igreja”, expressa no sofrimento real
de Igrejas concretas.
Um outro sinal desta centralidade da Paixão de Cristo foi a
“Cruz Alta”, que se erguia no extremo sul do recinto do Santuário,
construída em 1951, e que colocava a Cruz a presidir a tudo o que
acontecia no Santuário. Foi retirada apenas porque nesse lugar esta
a ser construída a nova Basílica.
Estruturas de acolhimento pastoral
11. Fátima tornou-se, rapidamente, lugar procurado por
pessoas e grupos, para tempos mais prolongados de meditação e
oração, e mesmo de evangelização, através da cultura. As estruturas
ao serviço desta actividade foram, desde muito cedo, das mais
importantes do Santuário: o albergue e as casas de Nossa Senhora
das Dores e o de Nossa Senhora do Carmo, abraçando a Capelinha
das Aparições de ambos os lados, foram várias vezes remodelados,
adaptando-se às novas exigências do Santuário. São, actualmente,
designados por “Casa de Retiros” e a sua fi sionomia actual foi iniciada,
por ocasião do 75º Aniversário das Aparições (1992).
O Centro Pastoral Paulo VI, inaugurado por Sua Santidade
João Paulo II, a 13 de Maio de 1982, é outra grande estrutura de acolhimento,
mais vocacionada para Congressos, Semanas de Estudo
ou Jornadas de grandes grupos.
O acolhimento aos doentes
12. Sendo a principal função do Santuário o acolhimento aos
peregrinos, sempre se cuidou, com um carinho particular, do acolhimento
aos peregrinos doentes. Já em 1924 se iniciou a construção
de um albergue para os doentes e em 1926 é instalado um “posto
de verifi cações médicas”. Mas logo em 1927 se pensa na construção
de dois “Hospitais-Sanatórios”. O Hospital do Santuário foi-se
apetrechando para oferecer aos peregrinos doentes os cuidados
requeridos pela situação, em estruturas físicas e equipas sanitárias,
constituídas por voluntários. Este serviço deu origem à “Associação
dos Servitas de Fátima”, e a estrutura de acolhimento aos peregrinos
doentes, sobretudo nas grandes peregrinações, é hoje um serviço de
grande qualidade. A própria tradição da “bênção dos doentes”, que
ocupa um lugar próprio nas grandes peregrinações, é desse acolhimento
uma expressão, tantas vezes comovente.

Outros “lugares santos” de Fátima
13. À medida que se foi conhecendo a história de Fátima,
foram surgindo outros lugares complementares do sítio da Cova da
Iria, que, de algum modo, alargaram o espaço sagrado do Santuário,
por se terem tornado locais de verdadeira peregrinação, ligados
à mensagem, e não apenas locais de visita turística: Valinhos (local
da primeira e terceira aparição do Anjo), onde foi inaugurado, a
12 de Agosto de 1958, outro monumento ao Anjo de Portugal; a já
referida Via-Sacra, iniciada em 1959 e concluída a 12 de Maio de
1964, com a inauguração do chamado Calvário Húngaro; o Poço
do quintal da Casa de Lúcia (lugar da segunda aparição do Anjo),
onde foi colocado um grupo escultórico; as Casas da Lúcia, doada
pela vidente e recuperada pelo Santuário; a Casa do Francisco e Jacinta,
adquirida e recuperada pelo Santuário; a Igreja Paroquial e o
Cemitério Paroquial de Fátima que se tornaram lugares de visita,
sobretudo pela referência aos videntes, todos baptizados na Igreja
e dois deles temporariamente sepultados no Cemitério, o Francisco
desde 1919 a 1952, e a Jacinta, desde 1935 a 1951.
Os dinheiros de Fátima
14. O Santuário vive das ofertas dos peregrinos, doacções
a Nossa Senhora, carregadas de fé e de esperança, quase sempre
expressão de súplica ou acção de graças. É responsabilidade
sagrada do Santuário administrá-los, de acordo com a sua origem
e natureza.
Já em 1920, o Vigário de Ourém, em “memorandum” ao recém-
nomeado Bispo de Leiria, afi rmava que continuava a afl uir à
Cova da Iria uma grande romaria de fi éis, no dia 13 de cada mês,
e que as esmolas aí oferecidas já ascendiam a 1.500 escudos, além
de objectos em ouro e prata, e que se afi gurava necessário nomear
uma comissão para administrar as esmolas, já recebidas e a receber,
pedindo ao Bispo orientações precisas sobre o destino a dar a essas
esmolas.
O Bispo não perdeu tempo e em 1921 deu instrução para,
com essas esmolas, se adquirirem os terrenos onde se tinham dado
as aparições e onde se estruturou, depois, o Santuário e o seu recinto.
Esta decisão do Bispo de Leiria é paradigmática: os “dinheiros
de Nossa Senhora”, devem destinar-se, antes de mais, ao desenvolvimento
do Santuário, à sua missão pastoral de acolhimento aos
peregrinos. Na medida do possível, deve contribuir para a missão
das Igrejas de Portugal e mesmo de Igrejas pobres de outros países.
As contas do Santuário são hoje públicas, e as regras da administração
estão fi xadas nestes Estatutos do Santuário de Fátima.
Fátima e a Santa Sé
15. Um dos sinais da credibilidade das Aparições de Fátima
é a exactidão da visão de Igreja que delas transparece. Referências,
carregadas de amor, ao Santo Padre são explícitas nos diálogos dos
Pastorinhos. A união ao Papa, Pastor Supremo da Igreja, sinal e garantia
da sua unidade, é a mais forte expressão da catolicidade e
universalidade de Fátima.
A Santa Sé, cujas intervenções conhecidas, a respeito de Fátima,
tinham sido, até aí, discretas, embora signifi cativas, começou a
dar sinais de mais atenção e apreço. O Papa Pio XII, ordenado Bispo
no dia da primeira aparição de Fátima, deu uma primeira resposta
aos pedidos da vidente Lúcia, do episcopado português e de outras
pessoas, fazendo a consagração do mundo ao Imaculado Coração de
Maria, no dia 31 de Outubro de 1942 e a 8 de Dezembro do mesmo
ano, em Roma. A 3 de Janeiro de 1944, a Irmã Lúcia redigiu a terceira
parte do segredo da aparição de 13 de Julho de 1917. O mesmo Papa
Pio XII enviou um legado à coroação da Imagem de Nossa Senhora
de Fátima (13 de Maio de 1946) e outro ao encerramento ofi cial do
ano santo (13 de Outubro de 1951) e fez uma nova consagração com
uma referência mais explícita à Rússia, a 7 de Julho de 1952.
João XXIII, que visitara o Santuário de Fátima como Patriarca
de Veneza, a 13 de Maio de 1956, dois anos antes de ser eleito papa
declarou Nossa Senhora de Fátima padroeira da Diocese de Leiria
(13 de Dezembro de 1962).
Paulo VI, que se referiu ao Santuário de Fátima no encerramento
da terceira sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II (21 de


Novembro de 1964), concedeu a rosa de ouro ao Santuário (13 de
Maio de 1965) e visitou-o, por ocasião do cinquentenário da primeira
aparição de Nossa Senhora, “para honrar Maria Santíssima e
para invocar a sua intercessão a favor da paz, na Igreja e no mundo”
(13 de Maio de 1967).
O Cardeal Albino Luciani, Patriarca de Veneza, que viria a
ser eleito Papa com o nome de João Paulo I (28 de Agosto de 1978),
visitou Fátima e a Irmã Lúcia, um ano antes (10 e 11 de Julho de
1977), manifestando-se muito impressionado com as declarações da
vidente.
João Paulo II, que sobreviveu ao atentado sofrido em Roma,
no dia 13 de Maio de 1981, visitou, por três vezes, o Santuário de Fátima:
no primeiro e décimo aniversário desse atentado (13 de Maio
de 1982 e 13 de Maio de 1991) e no dia 13 de Maio do ano do Jubileu
de 2000, para beatifi car os Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto e
permitir que fosse revelada a terceira parte do segredo de Fátima,
dada a conhecer na íntegra no dia 26 de Junho do mesmo ano. Entre
a primeira e a segunda peregrinação, pediu que fosse levada a Roma
a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, diante da qual, na Praça de
São Pedro, renovou a consagração do Mundo e da Rússia ao Imaculado
Coração de Maria, segundo as indicações comunicadas pela
Irmã Lúcia nas “Memórias” e seguramente por outros meios (25 de
Março de 1984), e juntou o título de Fátima à designação da Diocese
de Leiria (13 de Maio de 1984).
Este acto do Papa foi misteriosamente seguido de uma série
de acontecimentos, relacionados por muitas pessoas com as revelações
de Fátima: as mudanças políticas e religiosas começaram a
verifi car-se nos vários países do Leste Europeu, a partir dos meados
da década de 1980, principalmente a queda do regime comunista
e ateu, na própria União Soviética. Um facto signifi cativo, absolutamente
imprevisível até 1989, foi a visita da imagem de Nossa
Senhora de Fátima, vulgarmente chamada “Imagem Peregrina”, ao
próprio Leste Europeu, incluindo a Rússia Europeia, a Sibéria e o
Cazaquistão (Outubro de 1996 a Maio de 1997), em que esteve no
próprio centro da Praça vermelha de Moscovo (7 de Dezembro de


1996), junto dos símbolos mais gritantes do regime que fora instaurado
precisamente no momento em que terminava a série das
aparições em Fátima, em 1917. Todos estes factos têm contribuído
para o incremento do culto e da mensagem de Nossa Senhora
de Fátima por todo o mundo, sobretudo a partir da primeira viagem
da “Virgem Peregrina” (1947), através da fundação de Igrejas,
Santuários, associações de fi éis, Congregações Religiosas e outras
instituições, ao mesmo tempo que afl uem a Fátima multidões de
peregrinos de Portugal e do estrangeiro.
Conclusão
16. A já longa história do Santuário de Fátima mostra-nos
uma linha contínua de fi delidade à Mensagem de Nossa Senhora,
acolhendo os peregrinos e tornando-se foco de irradiação do anúncio
da salvação. “Altar do Mundo”, Fátima tornou-se, misteriosamente,
uma fonte de esperança para o mundo contemporâneo.

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