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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Lendas e Tradições de Portugal

O Tejo – Lendas
As lendas são uma forma espontânea de contar histórias que remonta ao início da vida humana e surge como uma necessidade da sua existência na vida comunitária. Assim, dependendo da criatividade popular e numa aproximação do Homem com Deus, surgem inúmeras narrativas lendárias, cujos temas predominantes são o universo, a natureza, a religião, as lutas heróicas, as forças espirituais, os sentimentos, os medos, as crenças, os mitos, ...
Cada localidade é recheada de lendas que se prendem com a sua origem, localização, etc. Por vezes, vamos encontrar a mesma lenda comum a vários povos, mas nunca é exactamente igual. Da pesquisa que fizemos, recolhemos alguns exemplos, cuja temática se relaciona com o Tejo ou com as localidades por onde ele passa.
O Tejo, o Douro e o Guadiana
O rio Douro corre quase sempre num leito apertado em altas montanhas. Mesmo junto à cidade do Porto passa em rápida corrente, ansioso por chegar à foz.
O Tejo, ao entrar em Portugal, parece retardar a marcha para contemplar as campinas que lhe bordam as margens. Em frente da cidade de Lisboa, espraia-se à vontade, e é difícil distinguir onde acaba o rio e começa o mar.
O Guadiana ao chegar a Vila Real de Santo António, parece que parou a contemplar maravilhas e é o Oceano que o vem ali buscar.
Estas diferenças entre os três rios inspiram ao nosso povo uma graciosa lenda.
Na outra banda da Espanha, nasceram três irmãos em serranias agrestes. Logo que abriram os olhos, viram passar as nuvens e perguntaram-lhes de onde vinham.
- Vimos do mar, que é nosso pai e vosso avô- responderam elas.
- E é lindo o mar?

Tão lindo que, de dia, tem a cor do céu, e, de noite, parece ter ainda mais estrelas do que o firmamento.
- E é grande?
- Tamanho que todos os rios a correr nunca o enchem e todos as nuvens a beber-lhe a água não o esgotam.
- Havemos de ir ver o mar...
E os três combinaram que, na manhã seguinte, abalariam a caminho do Atlântico.
O Guadiana madrugou e começou a caminhada. Foi escolhendo os sítios mais belos e deleitosos. Dizia consigo: - Vamos vendo e o mar que esperei!
O Tejo acorda e dá pela falta de um dos irmãos. Põe-se a correr, para não chegar tarde não escolhe caminho. Ao entrar em Portugal, pensa lá consigo que já deve ter muito avanço, e então, lembra-se de gozar as campinas, até de se espreguiçar por largas margens, antes de se lançar nos braços do avô.
O Douro, deixou-se adormecer. O Sol ia alto, quando acordou e se viu só. Ele aí vai por montes e vales, furando por desfiladeiros, saltando por penedias, de precipício em precipício, na ânsia de chegar, Nem quer saber da beleza que dos cimos o espreita. E, assim, foi ele quem, sujo e enlameado, chegou primeiro.



Ulissipo – A cidade de Ulisses
Para fugir ao destino que os oráculos anunciam, a deusa Tétis, mãe de Aquiles, envia o filho para muito longe do cenário de morte de Tróia. Mais tarde, Ulisses é enviado, por mares conhecidos e desconhecidos, em sua procura. Vai encontrá-lo num templo de vestais, à beira de um esteiro do rio Tejo. Assim descoberto, Aquiles volta para Tróia, levando consigo, como precioso auxílio de uma guerra que não tem fim, muitos dos cavalos que por ali viviam, velozes como nunca houve memória de outros iguais.
Quanto a Ulisses, uma vez destruída Tróia, irá regressar a casa. Mas, a meio da viagem para Ítaca, deixa-se seduzir pela recordação da brisa amena dessas paragens longínquas onde encontrara Aquiles, pela lembrança da doçura e da claridade do ar, o ouro das águas do rio - e
decide lá voltar. E, no monte que ficava diante do estuário desse rio imenso, fundou uma cidade a que deu o seu nome e, no alto da colina, ergueu um templo a Palas Atenea.
Assim se explica a primeira designação da cidade Ulissipo, cujo termo evoluiu para Lisboa, sendo os seus naturais denominados olissiponenses.


A Lenda do Arrepiado
Conta a lenda que no tempo das invasões mouras, habitava o castelo de Almourol um casal que tinha uma filha que se chamava Ari. Certo dia, ao passar nesta localidade Ari apaixonou-se por um rapaz cristão, mas este namoro não era aceite pelos seus pais e para impossibilitar a fuga de Ari "pearam-na" (prenderam-na com uma corda à perna e a outro objecto).
E com a história de “Ari peada” surgiu a palavra Arripiada que com o passar dos tempos evoluiu para Arrepiado.


O alcaide de Santarém
O alcaide de Santarém conseguiu fugir, depois de D. Afonso Henriques ter entrado na vila. Diz-se que fugiu pelo Postigo de Santo Estêvão que, por isso, se passou a chamar também Postigo da Carreira.
Partiu velozmente em direcção a Sevilha. O emir que se encontrava na Torre de Ouro avistou-o ao longe e disse aos que o acompanhavam:
"Vêdes aquele que vem com grande pressa? É o alcaide Cefrim, de Santarém. Se naquele rio der água ao cavalo, é porque a vila de Santarém foi tomada. Se não der, é porque a vila está cercada e vem pedir-nos socorro".
O alcaide, ao chegar ao rio, deu de beber ao cavalo e de imediato o emir disse:
"Santarém foi tomada".


A lenda da Sopa da Pedra
A Sopa da Pedra é uma especialidade de Almeirim. Conta-se que o primeiro homem a fazê-la foi um frade lambareiro e espertalhão...
Ele andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, mas como não lhe quiseram dar nada e o frade estava a cair de fome disse: - Vou ver se faço um caldinho de pedra. E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, como para ver se era boa para um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade, o qual lhes perguntou:
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa. Responderam-lhe: - Sempre queremos ver isso. Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu: - Se me emprestassem aí um pucarinho... Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro. - Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao pé das brasas... Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele: - Com um bocadinho de toucinho é que o caldo ficava bom! Foram-lhe buscar um pedaço de toucinho. Ferveu, ferveu e a gente da casa pasmada para o que via. O frade, provando o caldo: - Está um nadinha insosso. Bem precisa duma pedrinha de sal. Também lhe deram o sal. Temperou, provou e disse: - Agora é que, com uns olhinhos de couve, ficava divinal. A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves. O frade limpou-as e ripou-as com os dedos e deitou as folhas na panela. Quando os olhos já estavam aferventados, arriscou: - Ai! um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça!...
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na panela e, enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu os beiços. Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo. A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe: - Ó senhor frade, então a pedra? - A pedra... lavo-a e levo-a comigo para a próxima vez.

Lenda do assalto ao Castelo de Almourol
O gigante de Almourol tinha prisioneiras a bela princesa Misaguarda e suas damas.
O cavaleiro Palmeirim, sempre em busca de aventuras, tendo conhecimento de combates travados por outros cavaleiros para libertar tão bela princesa, decidiu tentar a sua sorte. Ao chegar ao castelo, viu dois cavaleiros combatendo pela princesa. O vencedor, conhecido pelo cavaleiro triste, tinha no seu escudo o retrato da princesa Misaguarda, a qual era tão bela que, Palmeirim “ficou algum espaço suspenso”! Entusiasmado, desafiou, de imediato, o cavaleiro triste, mas travaram tão feroz combate que ambos ficaram extremamente feridos, sem haver vencedor.
E assim, a bela Misaguarda continuou prisioneira do gigante de Almourol.

Lenda de Santa Iria
“Nascida de uma rica família de Nabância (Região de Tomar), de onde era natural, Iria recebeu educação nobre num mosteiro de freiras beneditinas, governado por seu tio, o Abade Sélio, e no qual viria a professar. Pela sua beleza e inteligência, Iria cedo reuniu a simpatia das religiosas e das pessoas da povoação, em especial dos moços e fidalgos, que disputavam entre si a as virtudes da noviça.
Entre estes mancebos contava-se Britaldo, príncipe daquele Senhorio, que veio a alimentar por Iria uma paixão doentia. Iria, porém, recusava as investidas amorosas do fogoso fidalgo, confessando-lhe a sua eterna devoção a Deus.
Dos amores de Britaldo teve conhecimento Remígio, director espiritual de Iria e a quem a beleza da donzela também não passara despercebida. Consumido de ciúmes, o monge fez tomar a Iria uma tisana embruxada, que logo fez surgir no seu corpo os sinais de gravidez. Expulsa do convento, a pobre donzela recolhera-se junto do rio para orar quando, traiçoeiramente, foi assassinada por um criado de Britaldo, a quem tinham chegado os rumores destes eventos.
Lançado ao rio, o corpo da mártir foi depositado em sepulcro celestial nas claras areias do Tejo, aí permanecendo, incorruptível, através dos tempos.
Após estes lendários acontecimentos, a urbe recebeu a nova designação de Sancta Irena, mantida após a dominação muçulmana sob as formas de Chantitein ou Chantarim.”

O TEJO – Tradições
De entre as várias tradições cultivadas pelas populações que povoam o Vale do Tejo, recolhemos algumas características gastronómicas, bem como a existência de feiras e romarias.
Especialidades gastronómicas:
Tigeladas, Palha de Abrantes, Lampreia de Ovos, Migas Carvoeiras. Cachola, Rabichas, Broinhas de Alcanena
Sopa da Pedra, Ensopado de Enguias, Massa à Barrão, Chispe com Feijão Branco (Almeirim)
Quadradinhos de Alpiarça, Pão de ló de Espécie, SS de Amêndoa, Queijinhos do Céu, Carneiro à moda de Alpiarça, Miga Fervida.
Enguias Fritas, Enguias de Caldeirada, Ensopado de Enguias, Açorda de Sável à Rabastança, Borrego Grelhado, Bolo Podre (Benavente).
Sopa de Peixe, Magusto com Bacalhau assado, Açorda de Sável, Fataça na Telha, Espetadas em Vara de Loureiro, Celestes, Arrepiados (Santarém).
Sopa de Peixe, Caldeirada, Barbos de Molhata, Fataça na Telha, Açorda de Sável, Enguias à Pescadora, Cabrito Frito da Praia do Ribatejo, Velhoses, Doce de Natal. (Vila Nova da Barquinha)
“Estavam já perto da emposta onde ficavam as cortes dos toiros, e o lavrador fez sinal ao Zé Pedro Borda-d'Água para avisar o abegão dali; em seguida gritou-lhe:
- Quero ver os toiros antes do almoço.
E só depois perguntou aos convivas:
- Se os meus amigos estiverem de acordo.
Todos anuíram, pois então, tanto mais que qualquer um deles podia escapar-se até à cozinha e meter uma palmeia antes de irem à mesa. O Relvas, para lhe abrir o apetite, já explicara que mandara preparar uma sopa de linguado e camarão do Tejo, com arrozinho, isso mesmo!, enguias grelhadas no espeto e um anho no forno com batatas novas. Todos conheciam o dedo da Qutéria para petiscos.
- E a Quitéria fez aquele arroz doce que o padre Alvim benze bago a bago? - Quitéria quer dizer arroz doce, homem! - explicou o Rolin. ”

Feiras e romarias
SANTARÉM
Lusoflora (de 4ª feira a Domingo da semana do Bom Pastor): Feira especializada onde está patente toda a produção no campo da floricultura e horticultura.
Feira Nacional da Agricultura - Feira do Ribatejo (A iniciar na primeira 6ª feira de Junho e prolongando-se por dez dias): é o maior cartaz turístico do país, sendo considerada, no campo agrícola, uma das mais importantes da Europa. Conhecida pelos seus riquíssimos valores etnográficos, patentes no Festival Internacional de Folclore, largada de touros, corrida de campinos, condução de jogos de cabrestos, touradas, provas hípicas, raid hípico, etc.
Festival Nacional de Gastronomia (duração de dez a doze dias, com terminus a 1 de Novembro). É a maior manifestação de cultura popular portuguesa, nas suas três componentes: gastronomia, artesanato e etnografia.
TOMAR
Procissão dos Tabuleiros - desfile pelas ruas de Tomar, numa manifestação de rara beleza e alto significado. Sem periodicidade anual.
É, talvez, a manifestação maior e mais colorida de um culto que marcou profundamente a Idade Média portuguesa - O Espiritussantismo.
Feira Nacional e Internacional do Jogo - Dedicada à prática e divulgação de jogos populares que serão postos à disposição dos visitantes. Mês de Setembro.
CARTAXO
Feira dos Santos (Novembro): Feira de origem medieval, conserva ainda muitas das suas remotas tradições. Primeira transacção do vinho novo do ano, comércio variado, diversões populares. Festa dos Fazendeiros (Domingo de Pascoela) - Pontével: Festa popular, cortejo de viaturas rurais, concursos de pecuária e casas decoradas com motivos rurais. Festa do Vinho (Abril/Maio): Certame concelhio de promoção da vinha e do vinho. Provas de vinho, gastronomia regional e animação variada.
GOLEGÃ
Desfile etnográfico - A realizar na 1ª quinzena de Maio. Quadros vivos retratam os diferentes aspectos da faina agrícola (trabalhos de lagar, da eira, etc.). Festival de folclore e convívio aberto entre a população e intervenientes.
Feira Nacional do Cavalo, Feira de S. Martinho - Decorre na 1ª quinzena de Novembro, e envolve sempre o dia 11 que é o seu ponto máximo. Considerada uma das feiras mais tipicamente ribatejanas. O cavalo é o ponto fulcral, podendo-se apreciar belos exemplares. Desfile de cavalos de raça, exposições de artesanato. Não falta a castanha assada a acompanhar a famosa água-pé.
CONSTÂNCIA
Festa de Nª Srª da Boa Viagem: também conhecida como Festa dos Barqueiros, tem lugar na 2ª feira de Páscoa. Tradição que remonta ao século XVII e que consiste na confluência dos barcos em Constância, para aqui serem abençoados, esconjurando assim os "males". Comemorações do 10 de Junho: festejos alusivos a Camões, poeta nacional, que permaneceu algum tempo desterrado em Constância.
BENAVENTE
Festa da Amizade - Festa da sardinha assada (Junho) - pão, vinho e sardinhas são distribuídos gratuitamente. O prazer de assar as sardinhas em plena rua, num ambiente de convívio e alegria. Picarias à Vara Larga.
Festa de Nª Srª da Paz - Festa Grande (Agosto). Festejos populares. Espera de Touros.

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