Freguesia de Meijinhos, Pertence ao Conselho de Lamego e Distrito de Viseu, com 2,74 km² de área e cerca de 115 habitantes Densidade: 38,0 hab/km². Distaciada a cerca de dez quilómetros de Lamego.É uma aldeia muito antiga, e referenciada nas Inquirições de D. Afonso III em 1258 como reguengo. Em Fevereiro,grande Festa de convivio. Festa em Honra do S.Brás, onde se tem sempre boa musica e porco assado para todos.VISITE.
domingo, 26 de agosto de 2012
História para 26.08.2012
A GALINHA DA DONA GERTRUDES
Aquele jornalista das perguntas, que já conhecem, foi
entrevistar uma galinha, mas uma galinha especial.
Propunha-se a cacarejante criatura entrar para o Guinness,
o livro dos recordes. E a fazer o quê? A pôr um ovo de
ouro? Não, que ideia, que vulgaridade. Essa é uma história
muito antiga e já foi contada, há que tempos.
O fito dela era outro. Teimava a galinácea que seria
capaz de chocar de uma só vez trinta ovos e de fazer assim
nascer, sem tirar nem pôr, trinta pintainhos, trinta
irmãozinhos pipilantes, cor de gema de ovo.
– Vai precisar de alguma preparação especial? –
perguntou-lhe o jornalista, passando a cabeça por cima da
rede do galinheiro.
– Cacracá, cacracá, cacracá – respondeu-lhe a galinha.
Queria ela dizer na dela que, estando choca, só
precisava de muita paciência, porque a natureza faria o
resto.
– E tem a certeza que os ovos estão todos em condições
de ser chocados? – insistiu o jornalista.
Respondeu a galinha:
– Cacracá, cacracá, cacracá.
Ao que o galo da capoeira, muito senhor de si,
acrescentou:
– Cocrocó, cocrocó, cocrocó.
O que ambos queriam dizer percebe-se. Estavam
seguros, seguríssimos, da impecável qualidade dos ovos,
dispostos para o choco.
Quem os acondicionara no ninho, que a galinha cobria,
tinha sido a Dona Gertrudes, dona da galinha, do galo e do
galinheiro todo, onde também estanciavam outros bicos,
patas e patos, peruas e perus, como se pertencessem à
mesma família.
– Em quanto está o último recorde? – quis saber o
jornalista. – Consta-me que pertence a uma galinha
australiana que deu à luz vinte e nove pintos, num único
choco. Confirma?
– Cacracá.
A galinha confirmava. Estava bem informado o
jornalista.
Foi para o jornal e escreveu a notícia com o seguinte
título: "Galinha portuguesa vai derrotar galinha
australiana". Era um bocado exagero ou precipitação, mas
este jornalista deixava-se levar pelo entusiasmo, que nem
sempre é bom conselheiro de quem redige notícias.
Lá que a galinha se esforçava ninguém duvida. Fazia-se
leve e alargava as asas o mais que podia, para dar a todos
os ovos calor por igual. Quando ela ia depenicar qualquer
coisinha, o galo revezava-a no choco, o que não era
desprimor nenhum.
Os dias iam passando. No jornal, que era diário, o
jornalista ia mantendo viva a atenção dos leitores. Já
entrevistara por diversas vezes a Senhora Gertrudes, o
marido da Senhora Gertrudes, vizinhos da Senhora
Gertrudes e até tentara obter, em primeira mão, um
depoimento do peru.
– Glu, glu, glu – dissera-lhe ele, meneando a cabeça com
alguma inquietação.
Não era muito optimista o peru, o que se compreende. A
aproximação do Natal trazia-o muito apreensivo.
As cascas dos ovos começaram a estalar. O jornalista,
avisado, trouxe fotógrafo para o grande acontecimento.
Record mundial: "Trinta pintos para uma galinha", já via
ele, em grossas letras, na primeira página. "Portugal
derrota Austrália, no jogo da capoeira...", assim começaria
a notícia.
Afinal, não começou. Afinal, não derrotou. Ficaram
empatados. Eu explico.
Os pintainhos foram nascendo, um a um, a trocar o
passo, molhados e tiritantes. Mal se desembaraçavam da
casca, fugiam outra vez para o calor da mãe. O pai galo,
enternecido, ia-os contando:
– Cocrocó... Cocrocó... Cocrocó... Cocrocó...
O jornalista e o fotógrafo e a Senhora Gertrudes e o
marido da Senhora Gertrudes e os vizinhos e as vizinhas da
Senhora Gertrudes também, em coro afinado, contavam:
– Só falta um! Só falta um! – gritava, exaltado, o
jornalista, que mais parecia um locutor de um relato de
futebol.
O residente do último ovo resistia. Ou fosse ele mais
preguiçoso ou fosse a casca mais grossa, não havia meio.
Finalmente... craque, craque, craque... partiu-se. E
ouviu-se, à roda, um "Oh!" – de desapontamento geral.
Não era um pinto, o que o último ovo escondia. Era um
pato, um patinho vacilante, que logo foi esconder-se e
juntar-se aos seus irmãos do choco.
– Ai que troquei este ovo. Cabeça a minha! – exclamou
a Senhora Gertrudes, dando uma palmada na testa.
E foi assim que esta esforçada galinha não entrou no
Guinness, o livro dos recordes. Dizem-me que está a
ensaiar-se para nova tentativa! Ela e o galo, como não
podia deixar de ser.
FIM
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