As intervenções dos autarcas durante as II Conferências do Douro Sul decorreram sob o mesmo tom pessimista que domina neste momento o debate público no país. Reunidos em Lamego, a 18 de novembro, presidentes de câmara e de juntas de freguesia lamentaram os problemas de governança local, nomeadamente a falta de “espessura institucional e massa crítica”, e a ausência de uma visão estratégica que desenvolva a região e que está a sufocar a economia local e a acelerar a desertificação do território. “O Douro está a um passo do abismo. Como todos os seres desequilibrados, sabemos que tem sempre a vertigem de dar mais um passo em frente”, alerta Francisco Lopes, Presidente da autarquia de Lamego. A proposta apresentada pelo Governo de reforma administrativa do poder local, neste momento em discussão pública, acentua os receios de agravamento da debilitada situação social e económica vivida no Douro Sul. Um quadro negro exposto ao secretário de Estado da Administração Local, Paulo Júlio, que ouviu as implicações que esta reforma poderá provocar, sobretudo a extinção das freguesias mais pequenas e a redução das transferências financeiras para as autarquias. Na resposta, o governante assegurou que o “Livro Verde” não é uma lei: “É um documento aberto. Abrimos um debate nacional sobre a administração local”. Paulo Júlio acredita que é necessário mudar o paradigma da gestão territorial por parte das autarquias. Uma visão que não sossegou muitos autarcas que marcaram presença entre as cerca de 550 pessoas inscritas que lotaram o Teatro Ribeiro Conceição para assistirem ao maior fórum de debate que ocorre no Douro, desde 2010. Manuel Carvalho, jornalista e sub-diretor do jornal Público, assumiu o tom mais pessimista de todas as intervenções e pediu aos autarcas para alterarem as estratégias de desenvolvimento local: “Basta de construção de novas infraestruturas”. Na sua opinião, é urgente solucionar os problemas por que passam as cooperativas e a Casa do Douro e alertou para a contínua desvalorização do valor da marca Vinho do Porto. |
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