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sábado, 6 de outubro de 2012

História para 06.10.2012

QUE GRANDE PAR DE BOTAS

Era uma vez um rato que morava num sapato. Um
sapato velho, um sapato sem préstimo... Não estava mal de
todo. Conheço ratos que nem em chinelo moram. Nem em
sandálias.
Mas este rato que morava num sapato tinha ambições.
Queria uma casa mais desafogada, mais espaçosa. Queria
mudar de um sapato para uma bota.
Bem podia procurar. Onde é que se arranja, nos tempos
de hoje, uma bota livre, de preferência calafetada contra o
frio e a chuva, isto é, sem buracos na sola? Uma bota é um
palácio. Um sonho...
Pôs um anúncio: "BOTA POUCO USADA PRECISA-
-SE PARA HABITAÇÃO".
E não é que conseguiu?! Um velho coronel de cavalaria
vendeu-lhe as botas. Muito em conta.
O rato só precisava de uma, mas, já que se
proporcionava ficar com as duas, não quis perder  a
ocasião.
"Talvez lá mais para diante, leve uma para a praia. Fico
com uma casa de férias e a outra na cidade", pensou ele.
Não era mal pensado, não senhor. Mas, como estava no
Inverno, adiou o projecto. Por enquanto, havia que tratar da
mudança.
Foi à casa velha buscar os cacaréus e voltou aonde tinha
deixado as botas. Pois sim, as botas... Onde é que elas já
iam...
Um mendigo mal calçado, assim que as vira, ali ao
desamparo, cobiçara-se delas e levara-as. Que desolação
para o pobre rato.
Correu para o sapato, mas encontrou-o já ocupado por
uma ratazana antipática. Não havia discussão possível.
Desanimado com a sua pouca sorte, o rato enfiou-se por
um cano e, segundo parece, emigrou. Dizem que andou lá
por fora, a trabalhar, a economizar, a roer o pão que o diabo
amassou.
Voltei a encontrá-lo, há dias, numa sapataria. Nuns
saldos. Estava muito entusiasmado a comprar umas
galochas luzidias, daquelas com enfeites de metal,  e
enormes. Número 47, vejam bem!
Este rato sempre teve a mania das grandezas.


FIM

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