Mensagem de Meijinhos

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domingo, 14 de outubro de 2012

Rezas Populares



Contra a Cabrita e Névoa:
Cabritaquando os olhos estão ou ficam vermelhos.
Ingredientes – pau de sabugueiro verde e uma faca.
            Começa-se a raspar o pau e atirar-lhe a casca, enquanto se reza:
Névoa – quando junto da menina do olho, aparece uma espécie de pinta.
A pessoa que vai rezar trinca:
            1 folha de louro
            1 avelã
1 dente de alho
Abre o olho da pessoa e sopra-lhe. O olho começa a chorar e sara. Tanto para a cabrita como para a névoa a reza é a mesma.
            Oração :
(Nome da pessoa)... que tens tu nesse olho (direito ou esquerdo)?
É cabrita?
Ou cabrito?
Ou névoa ou nevoeiro?
Eu te corto, neste pau de sabugueiro.
Pai-nosso; Avé-Maria; Salvé-Raínha ( 9 vezes).



 

Rezar ao Zagre:

Para rezar ao zagre é preciso erva-doce ou funcho do monte, uma tigela com água e sal.
Pega-se em três ramos de funcho e molha-se na água. Passando depois em cruz e em volta, diz-se:
Estando Deus e mais Mateus
Numa fonte plenária
Disse Deus para Mateus:
-          Cura-me este zagre Mateus
Curai-o vós Senhor
Que tendes todo o poder
Eu vos entrego o meu poder
Com água da fonte,
Funcho do monte,
Sal marinho,
E água da fonte.
            3 avé-Marias e 1 Salvé_raínha


Talhar ao mau olhado:

Mau olhado – provoca com o olhar, voluntário ou involuntário, desgraça ou doença, em coisa, animal ou pessoa.
Ingredientes  - moeda antiga que tenha no verso uma cruz gravada e um colete de rapaz.
Vão-se passando, a moeda e o colete, sobre o corpo da pessoa ou do animal dizendo:
            Dois olhos te deu
Três te tiraram
S. Pedro, S. Paulo
E o milagroso S. João
Assim como do mar salgado
Sai o sal salgado
Saia (desta pessoa ou animal)
Todo o mal que lhe deram
Ar, cobranto ou olhado
Se te deu pela frente
Que te corte S. Vicente
Se te deu por trás
Que te corte S. Brás
Se te deu à hora do meio dia
Que te corte a Virgem Maria
Diz-se 5 vezes todos os dias, até a pessoa ou animal ficarem curados.

REZA AO OLHADO


ASSIM TE BENZA DEUS
ASSIM TRÊS VEZES
DEUS TE GEROU
DEUS TE CRIOU
E DEUS TE ABENÇOOU.

OS BONS OLHOS TE VEJAM
E OS MAUS, ESTOIRADOS TE SEJAM.

DOIS TE DERAM, TRÊS TE HÃO-DE TIRAR
QUE SÃO AS TRÊS PESSOAS DA SANTISSIMA TRINDADE
É  PAI, FILHO E ESPIRITO SANTO.

ASSIM COMO AS PORTAS DO CÉU
ESTAVAM VIRADAS PARA O MAR
ASSIM COMO ISTO É VERDADE, TODO O MAL TE HÁ-DE LEVAR.

EU PONHO A MINHA MÃO E O SENHOR PÕE A SUA PALMA.
ESTE MAL SE DESFAÇA COMO O SAL NA ÁGUA.

   - PAI NOSSO E AVÉ-MARIA
   - A REZA, REPETE-SE TRÊS VEZES SEGUIDAS

Rezar ao quebranto:

Antes de se começar a rezar, deve benzer-se e dizer o nome da pessoa, com calma.
Deus me fez e Deus me criou
E Deus me desolhe para quem a mim mal olhou
Quebranto me deu e quebranto me daria
Que a Virgem Santa Maria meta tudo na sua santa surgia.
            Reza-se de seguida o Pai-Nosso e a Avé-Maria.


Rezar à augação:

Para tirar a augação é preciso que as pessoas mais idosas, e que saibam, façam uma broa com azeite e farinha de pão
Depois de cozida, as pessoas dão a broa às crianças ou comem mesmo elas. Mas tem de comer-se 9 fatias. Caso não se consiga comer tanta broa é necessário deitar o restante da broa ao rio para que a corrente a arraste consigo e deste modo tire a augação.

Cortar a peçonha:

Pessonha: quando aparecem borbulhas co  “aguadilha” e com tendência a alastrar pelo corpo, com comichão.
A peçonha é provocada pela passagem de algum bicho pessonhento pela pele.
Tem que se ter brasas e uma faca.
Passa-se a faca por cima das brasas e, depois, em volta e em cruzes por cima do mal. Não se pode lavar a parte do corpo afectada.
Diz-se assim:
            Eu te corto bicho, bichão
            Aranha, aranhão
            Sapo, sapão
            Cobra, cobrão
            Bicho de qualquer nação
            Que andar de rastos pelo chão
            Eu lhe corto cabeça e rabo
            Em louvor das pessoas da Santíssima Trindade
            Que é Pai, Filho e Espírito Santo
Em louvor de S. Silvestre
Que ele é verdadeiro mestre
Tudo quanto te faço te preste.
Pai-Nosso, Avé-Maria, Glória, reza-se 9 vezes, Salvé-Raínha.


Ventre caído:

Oração: (nome da criança)
            Se tem o ventre caído
            Com a graça de Deus
Te seja erguido.
Se tens o baço virado
Que vá ao seu lugar
Como dantes era
Deita-se a criança de barriga para baixo, no regaço da pessoa que está a erguer o ventre. Unem-se as pernas, da criança, e se não ficarem do mesmo comprimento, medido pela covinha da perna, é sinal de que tem o ventre caído.
            A reza começa com o nome da pessoa doente, a criança. Enquanto se faz a reza, com o dedo molhado no azeite, que está propositadamente entornado no cu de uma malga, fazem-se tantas cruzes como o tempo que leva a dizer a reza nas duas covinhas das pernas e nas costas. Cada vez que se reza e se fazem as cruzes, a criança é posta na vertical, de cabeça para baixo, e dão-se-lhe umas palmadinhas nos pés que é para acertar as pernas.
A oração repete-se três vezes com o doente nesta posição, rezando 1Pai-Nosso, e 1 Avé_Maria no fim de cada vez.
            Voltado, o doente, de barriga para cima, é-lhe feita a mesma coisa mas no umbigo, e o mesmo número de vezes. Por fim, o resto do azeite que está no cu da malga é entornado na barriga e com a mão aberta fazem-se massagens de baixo para cima, só na zona do umbigo e sempre na mesma direcção. Espalhado todo o azeite, é colocada uma moeda no umbigo do doente e apertado com uma fralda de tecido branco. No dia seguinte repete-se a operação, e isto durante três dias seguidos.
Encomendar as almas por as penas do pergatório
Encomendava-se as almas às 9 horas da noite no tempo da Quaresma.
Alerta, alerta, a vida é curta, a morte é certa.
Irmãos meus e filhos do Nosso Senhor Jesus Cristo, rezai um padre-nosso c’uã Ave-
Maria pelas almas que estão nas penas do pergatório, quem puder, será por o divino amor de
Deus.

Cantar nove vezes e em seguida dizer a Salve-Rainha.

As doze palavras ditas e retornadas
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-te a primeira: a primeira é a primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso
Senhor Jesus Cristo morreu por mim, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as duas: as duas são-nas duas tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus
Cristo pôs os seus sagrados pés; a primeira, casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus
Cristo morreu por mim, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as três: as três são-nas três pessoas as Santíssima Trindade; as duas são-nas
tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo pôs os seus sagrados pés; a primeira é a
primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
 - Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as quatro: as quatro são-nos quatro evangelistas; as três são-nas três pessoas
as Santíssima Trindade; as duas são-nas tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo
pôs os seus sagrados pés; a primeira é a primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor
Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as cinco: as cinco são-nas cinco chagas; as quatro são-nos quatro
evangelistas; as três são-nas três pessoas as Santíssima Trindade; as duas são-nas tabuinhas de
Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo pôs os seus sagrados pés; a primeira é a primeira casa
santa de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as seis: as seis são-nos seis chiros bentos; as cinco são-nas cinco chagas; as
quatro são-nos quatro evangelistas; as três são-nas três pessoas as Santíssima Trindade; as
duas são-nas tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo pôs os seus sagrados pés; a
primeira é a primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus Cristo morreu por
nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as chete: os chete são-nos chete chacramentos; as seis são-nos seis chiros
bentos; as cinco são-nas cinco chagas; as quatro são-nos quatro evangelistas; as três são-nas
três pessoas as Santíssima Trindade; as duas são-nas tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor
Jesus Cristo pôs os seus sagrados pés; a primeira é a primeira casa santa de Jerusalém, onde
nosso Senhor Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas
 - Digo-t’as oito: as oito são-nas oito abenturanças; os chete são-nos chete
chacramentos; as seis são-nos seis chiros bentos; as cinco são-nas cinco chagas; as quatro sãonos
quatro evangelistas; as três são-nas três pessoas as Santíssima Trindade; as duas são-nas
tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo pôs os seus sagrados pés; a primeira é a
primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as nobe: nobe são-nos nobe coros d’anjos; as oito são-nas oito abenturanças;
os chete são-nos chete chacramentos; as seis são-nos seis chiros bentos; as cinco são-nas
cinco chagas; as quatro são-nos quatro evangelistas; as três são-nas três pessoas as Santíssima
Trindade; as duas são-nas tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo pôs os seus
sagrados pés; a primeira é a primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus Cristo
morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não.
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as dez: os dez são-nos dez mandamentos; os nobe são-nos nobe coros d’anjos;
as oito são-nas oito abenturanças; os chete são-nos chete chacramentos; as seis são-nos seis
chiros bentos; as cinco são-nas cinco chagas; as quatro são-nos quatro evangelistas; as três
são-nas três pessoas as Santíssima Trindade; as duas são-nas tabuinhas de Moisés, onde nosso
Senhor Jesus Cristo pôs os seus sagrados pés; a primeira é a primeira casa santa de Jerusalém,
onde nosso Senhor Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não.
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as onze: as onze são-nas onze mil birges; os dez são-nos dez mandamentos;
os nobe são-nos nobe coros d’anjos; as oito são-nas oito abenturanças; os chete são-nos chete
chacramentos; as seis são-nos seis chiros bentos; as cinco são-nas cinco chagas; as quatro sãonos
quatro evangelistas; as três são-nas três pessoas as Santíssima Trindade; as duas são-nas
tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo pôs os seus sagrados pés; a primeira é a
primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Digo-t’as doze: as doze são-nos doze apóstolos; as onze são-nas onze mil birges; os
dez são-nos dez mandamentos; os nobe são-nos nobe coros d’anjos; as oito são-nas oito
abenturanças; os chete são-nos chete chacramentos; as seis são-nos seis chiros bentos; as
cinco são-nas cinco chagas; as quatro são-nos quatro evangelistas; as três são-nas três pessoas
as Santíssima Trindade; as duas são-nas tabuinhas de Moisés, onde nosso Senhor Jesus Cristo
pôs os seus sagrados pés; a primeira é a primeira casa santa de Jerusalém, onde nosso Senhor
Jesus Cristo morreu por nós, ámen.
- Custódio, amigo meu!
- Questódio sim, amigo teu não!
- Diz-me as doze palavras ditas e retornadas.
- Doze raios tem-no chol, doze raios, tem-na lua.
Abenta daqui diabo, qu’esta alma não é tua!
Doze raios tem-no chol, doze raios, tem-na lua.
Abenta daqui diabo, qu’esta alma não é tua!
Doze raios tem-no chol, doze raios, tem-na lua.
Abenta daqui diabo, qu’esta alma não é tua!

Salve-Rainha

Ó salbé-rainha,
Ó bida deçura,
Ó esperança à nossa,
Salvai a minh’alma,
Qu’ela já é vossa.
Qu’ela já é vossa e vossa,
Ou há-de ser,
Salbai a minh’alma
Cando eu morrer.
Cando eu morrer,
Cando acabar,
 Salbai a minh’alma,
Lobai’à bom lugar.

Salve-Rainha pequenina
Onde bais, ó Birge, que bais tão alegri?
Lebas teu menino albinho de nebe,
Albinho de nebe com’à nebe pura,
Lebas teu menino, ó Salve-Rainha, ó vida deçura.
Salbai a minh’alma qu’ela já é bossa,
Ela já é bossa e sempre o há-de ser.
Salbai a minh’alma, cando eu morrer.
Cando eu morrer, cando acabar,
Lebai a minh’alma p’ra um bom lugar.
Para um bom lugar, lá no paraíso,
Lá no paraíso nos dê juízo
Canto hei-de dar àquele Senhor que nos há-de julgar.

Padre-nosso pequenino
Padre-nosso pequenino
Pelo monte vai rijinho,
Com as chaves do paraíso.
Quem lhas deu, quem lhas daria?
Foi S. Pedro e Stª Maria.
Deus no monte,
Deus na ponte
Nunca o demo nos encontre,
Nem de noite nem de dia,
Nem à hora do mei-dia.
Já os galos cantam,
Canto aos anjos s’alebantam.
Santas belas cruz,
Para sempre, ámen, Jesus.

A Santa Bárbara
Santa Bárbela se bestiu e se calçou,
Ó caminho se deitou,
Jesus Cristo encontrou,
Jesus Cristo lhe perguntou:
- Bárbela, onde bais?
- Vou ó céu, onde nosso Senhor estais.
- Mas, Bárbara bendita, que lá estão os trobões armados,
Bot’ós p’ra onde não haja pão nem binho,
Nem bafo de menino!
- Ambos três ficará minh’alma agradeço ao Senhor,
Meus peitos põe alegres, meu divino Salbador.
- Vai, Bárbela bendita,
Que no céu está escrita,
Com papel e água benta
Nos libre desta tormenta.

Oração a Jesus Maria José,
Salbai a minh’alma,
Qu’ela Vossa é.
Ela é e há-de ser,
Quero amar-Bos até morrer.
Pela vossa Conceição, ó Maria Imaculada, tornai bem o meu corpo, minh’alma
santifiquem

Ao anjo da guarda
Anjos da guarda,
Minha companhia,
Guardai a minha alma
De noite e de dia.

De peregrinos
Lebantei-me de madrugada
E ó cantar do perdigão,
Encontrei Nossa Senhora
C’um ramo d’oiro na mão.
Eu pedi-lhe um bocadinho,
E ela me disse que não.
Eu tornei-lho a pedir,
E ela me deu seu cordão.
Cordão que dava nobe voltas
Ó redor do coração,
Faltava mais uma volta
P’ra chegar do céu ao chão.
Ó meu padre Santo António,
Desatai-me esse cordão,
Que me deu Nossa Senhora
Na manhã do S. João.
São João estava à porta
Com a sua capa revolta,
Preguntando ó menino
Se sabia oração.
Oração de peregrino
Quando Deus era menino,
Ele andava pelo mundo,
Com o seu sangue a pingar.
Trate, trate, Madalena,
Não o hajes d’io alimpar,
Qu’isto são-nas cinco chagas
Que Deus tem para nos dar.

Ao deitar
Com Deus Nosso Senhor me deito,
Com Deus Nosso Senhor me lebanto,
Com a graça do Senhor e do divino Espírito Santo.
O Senhor me cubra com o seu manto.
Se eu co’ ele bem coberto for,
Não terei medo nem pavor,
Nem às coisas que más forem.
A minha alma entrego-a ao Senhor.
Se eu dormir, acordai-me,
Se eu morrer, alemiai-me,
Com as três velas brancas da Santíssima Trindade: Pai, Filho, Espírito Santo,
Três pessoas distintas e um só Deus verdadeiro. Pai-nosso…

Nesta cama me vou deitar,
Para dormir e descansar.
S’a morte me vier buscar,
E não lhe puder falar,
Agarrarei-me aos cravos,
Encostarei-me à cruz,
Entregarei a minha alma,
Ao meu bom Jesus.

De manhã
Anjo da minha guarda,
Meu celeste companheiro,
Não me desampareis
Pelas minhas grandes ingratidões,
Defendei-me de todos os meus inimigos,
Ilustrai-me com santas inspirações
Para que eu não seja mais ingrato.
Ó meu Deus, que me criou,
Ó glorioso protector Santo António,
De quem tenho o mesmo nome,
Pois o céu vos concedeu por mim especial protector,
Rogai por mim a Deus para que eu possa servi-Lo na terra,
Como vós servistes no céu! Ámen. Pai nosso…

Oração em forma narrativa
O mês de Março tem trinta e um dias. Eu me quero assoldadar co’ a birgem Maria.
Assoldadada que vos peço salbação p’rá minha alma, remédio p’rá minha bida, por isso vos
rezamos trinta e uma Ave-Marias (reza-se trinta e uma ave-marias).
No dia vinte e cinco de Março era o dia de Nossa Senhora (antigamente era dia santo).
Benzer-se cem vezes e cem Ave-Marias.
No dia de Nossa Senhora de Março cem Ave-Marias rezei, cem vezes m’incruzei, cem
na véspera, cem no dia co’ a graça de Deus da Birgem Maria (rezar uma Ave Maria e benzerse).

Responso a Santo António – pelas coisas perdidas
Se milagre desejais,
Recorrei a Santo António.
Vereis fugir o demónio,
E as tentações infernais.
Pela sua intercepção,
Foge a peste, o erro e a morte.
O fraco torna-se forte,
E torna-se o enfermo são.
Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão.
E no auge do furacão,
Cede o mar embravecido.
Todos os males humanos,
Se moderam, se retiram.
Digam-no aqueles que o viram,
E digam-no os paduanos.
Glória ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo, rogai por nós bem-aventurado António, para que
sejamos dignos das promessas de Cristo, Ámen.

Santo António se bestiu e se calçou,
Suas benditas mãos labou,
Ao caminho se deitou.
Jesus Cristo encontrou,
Jesus Cristo lhe perguntou:
- António, p’ra onde vais?
- Senhor, eu vou ao céu.
- Ao céu não irás,
Na terra ficarás,
Quantos males houver, todos curarás,
Quantas coisas se perderem, a todas acharás,
Quantas missas se rezarem, a todas assistirás.
Milagroso padre Santo António,
Prende aquilo que eu perdi.

Bênção do pão
Cresça o pão no forno
E à debina graça por o mundo todo.
Um padre-nosso pelas almas.

Depois de amassar o pão, fazia-se uma cruz e dizia-se:
São Vicente t’acrescente,
Santa Marinha te traga depressinha.

Depois de meter o pão no forno, dizia-se:
Cresça o pão no forno e a graça de Deus por o mundo todo.
Ou
Cresça o pão no forno e as bentas ó carolo.

Para cortar o coixo
Coixo, coixinho, coixão,
Aranha, aranhão,
Sapo, sapão,
Bustigo, bustigão,
Sagarto, sagartão,
Bicho de toda a nação,
Eu te corto a cabeça e o rabo e coração.
Em loubor de Stª Maria,
Um Padre-Nosso c’um’Ave-Maria.

Eu te corto com a faca do meu pão,
Sapo sapão,
Aranha aranhão,
Cobra cobrão,
Todo o bicho qu’anda de rastos pelo chão.
Eu te corto o rabo e à cabeça e o coração,
Para que não cresças nem abeças,
Mas antes qu’apodreças,
Mirrado como um carbão.
Em loubor de São Cibrão
Qu’andes p’rá frente, p’ra diante não.
Dá-se uma volta à faca por trás e depois ó fim reza-se um Padre-Nosso a São Cibrão.

Eu te talho
Coxo, coixão,
Aranha, aranhão,
Bicho de toda a nação.
Em louvor de São Silvestre,
Quanto faça, tudo preste,
E de Nosso Senhor,
Que é verdadeiro mestre.
Em louvor de Deus e da Virgem Maria,
Um Padre-nosso c’uma Ave-Maria.

Cortar o bicho
Sapo, sapão,
Cobra, cobrão,
Lagarto, lagartão,
Todo o bicho da nação,
Todo o bicho que anda de rasto pelo chão.
Eu te talhe bem talhado bem recortado
P’ela cabeça e p’lo rabo,
Assim como era sagrado.
Um Pai-Nosso e uma Ave-Maria em louvor da Virgem Maria.
Diz-se três vezes.

Cortar o ar
Eu te corto, ar, pragas, encanhos, feitiços, feitiçarias, males olhados de todo o que eu
te possa fazer.
Deus te fez
E Deus te criou,
Deus te tire o mal
Qu’em ti entrou.
Ar de vivo,
Ar de morto,
Ar escumungado,
Sai deste corpo.
Quando Deus era nascido,
Este mal não era bisto.
Morra o mal todo,
Viva nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim como o sol nasce na serra e se põe no mar,
Este mal donde beio parar, há-de tornar.
Um Pai-Nosso e uma Ave-Maria à Nossa Senhora em alíbio das almas do
pergatório.

Cortar as dadas
Home bom me deu pousada,
Mulher má me fez a cama
Debaixo d’áuga sobre palha e sobre lama.
Assim como é verdade, melhora-te mama.
Um Padre-Nosso c’uma Ave-Maria.

Braço aberto
Em louvor de São Fortoso,
Eu te coso.
Torna a carne ao seu exposto,
Se o deito com a linha torta.
Em louvor de São Fortoso,
Eu te coso.

Erguer a espinhela
Com a mão esquerda, segura-se o dedo polegar de uma das mãos do doente e, na parte
superior do pulso, deita-se algumas gotas de azeite.
Em seguida, faz-se deslizar o dedo polegar da mão direita sobre o azeite de forma a
que o dedo indicador acompanhe o movimento na parte de baixo do pulso, exercendo um
pouco de pressão nos dois dedos.
Enquanto executa este movimento, vai dizendo as seguintes palavras:
Tem-te espinhela, tem-te em ti,
Assim como Jesus se teve em si.
Continuando com o mesmo movimento, diz:
Tem-te espinhela, tem-te no braço,
Assim como Jesus se teve no passo.
Continua dizendo:
Tem-te espinhela, tem-te na veia,
Assim como Jesus se teve na ceia.
Em louvor de Deus e da Virgem Maria,
Pai-Nosso e Ave-Maria.
Nota: Repete-se no outro braço do doente e pode fazer-se três, seis e nove dias seguidos.

Chumbar ares
Eu te talho
Ar de vivo,
Ar de morto,
Ar de corruto,
O teu mal seja desfeito
Como o sal por o mar abaixo.
Diz-se nove ou três vezes. Deita-se o chumbo à água e faz figuras e depois torna-se a derreter
e diz-se estas palavras.

Cortar o ar
Acende uma velinha põe na fonte duma pessoa ou dum animal e diz-se nove vezes:
Deus te fez,
Deus te criou,
Deus te tire o mal qu’em ti entrou.
Reza-se um Pai-nosso e uma Ave-Maria em louvor da Virgem Maria.

Cortar a zipla
Pedro e Paulo foi a Roma,
Jesus Cristo encontrou:
- Pedro e Paulo, donde vens?
- Senhor, venho de Roma!
- E que viste por lá?
- Muita zipla e zipela
E muita gente morre d’ela.
- Pedro e Paulo vai atrás, vai curá-la!
- Com quê, Senhor?
-Com azeite virgem e folha de oliva.
Um Pai-Nosso e uma Ave-Maria
Em louvor da Virgem Maria.

Coser o pé
Eu te coso,
Carne aberta,
Fio torto.
Põe um panelo de água a ferver no chão, e põe o pé em cima dele e começa com uma agulha a
coser no nobelo.
Eu te coso,
Carne aberta,
Fio torto,
Por isso mesmo é que eu te coso.
Eu te coso,
Carne aberta,
Fio torto.
Depois, despejam a água dentro de uma bacia e põe o panelo em cima da água. E, se for o pé
aberto, a água entra toda para dentro do panelo, se for o pé fica lá.



Rezas, responsos e benzeduras

Práticas da beira-Paiva





Embora sem a importância e a prática de que gozaram no passado, ainda hoje se procuram aqueles que, quase sempre por via da tradição oral, aprenderam palavras mágicas e seculares que, aliadas à religião, à superstição e a certos rituais, se acredita serem capazes de aliviar ou resolver certos problemas, quase sempre ligados à doença ou ao espiritual.

São fórmulas muito simples e ingénuas que, proferidas com toda a convicção e acompanhadas de orações, ajudarão a consolidar um imaginário muito ligado ao sobrenatural e oferecem a solução mais primária para os males de quem nelas acredita.

Embora não sabendo ler nem escrever, havia quem decorasse longas rezas, quase sempre num português adulterado, que eram transmitidas através das gerações e retidas por alguns curiosos destas crenças e magias, que as usavam como pretexto para ajudar os outros.

Hoje, já muito poucos idosos conservam na memória estas fórmulas e poucos são também os que a elas recorrem. Todavia, elas fazem parte da espiritualidade, em práticas ancestrais da nossa gente.

Eis alguns exemplos dessas rezas, responsos e benzeduras e também de orações recitadas em momentos especiais:



Para a Ciática                                                          

Sai-te daqui, que fazes aqui,
que estás aqui a fazer?
Secaste-me a carne, rilhaste-me os ossos.
Para que não seque a carne
nem rilhes os ossos,
rosa florosa, que pelo mundo andas,
deste a minha mão à palma
para que com estas santas orações
sejas moída e derretida
como sal em água fria.
Em louvor de S. Gonçalo
esta (perna) sararia.

(Pai Nosso e Avé Maria)
(reza-se durante nove dias seguidos, ao pôr- do-sol)




Para a dada da mama
Bom homem me deu pousada
má mulher me fez a cama
sobre vides sobre lama
sai-te dada desta mama.
(reza-se 9 vezes fazendo cruzes com um pente sobre
a mama inchada e vermelha da mulher que amamenta)


Para a icterícia
Quando Jesus nasceu
No rio Jordão se meteu
Seus discípulos lhe pediram
Que os livrasse da tricha
Da lixa, da licança
Com o poder de Deus
Este servo (dizer o nome da pessoa) sararia.

(Pai Nosso e Avé Maria)












Para o aberto  
                                                                                                       
Eu coso em louvor de S. Frutoso
Se é nervo torto, torna ao teu posto
Se é carne quebrada, torna à tua casa
Em louvor da Virgem Maria

(Pai Nosso e Avé Maria)


Para o quebranto                                                                       
(dizer o nome da pessoa)
Cobranto te deu, cobranto te daria
Talho eu e a Virgem Maria
As pessoas da Santíssima Trindade querem e podem
Este mal donde veio para lá torne.

(Pai Nosso e Avé Maria)
(reza-se três vezes, enquanto se deitam brasas
acesas numa tigela com água. No fim, deita-se tudo num ribeiro.)


Para o unheiro ou terçogo

Se é unheiro eu te talho e retalho
em louvor de Nossa Senhora do Rosário
assim como a Nossa Senhora foi Virgem
no parto e depois do parto. Amem.

(Pai Nosso e Avé Maria)
( três vezes)


Responso

(Pedindo protecção para uma pessoa)
(Diz-se o nome da pessoa) fora da tua casa andas,
Deus ande na tua companhia.
Nosso Senhor que é teu pai, Nossa Senhora tua mãe,
com as armas de Cristo andes armado,
com as de S. Pedro bem guardado,
para que não sejas preso nem morto
nem ferido nem maltratado
nem nas ondas do mar afogado
nem teu sangue corrompido
nem a tua alma caia em pecado,
justo juízo final.
Filho da Virgem Maria,
no Campo de Jurafia foste jurado,
pede por ele (dizer o nome da pessoa).
Assim disse Jesus pelos seus discípulos
e assim Ele diga por nós. Amem.
Temos olhos e não nos vimos,
temos pernas e não nos alcançaremos,
para que ninguém se possa rir
nem vingar de nós. Amem.



Oração da trovoada                                                           
Santa Bárbora se vestiu e calçou
seu caminho andou
Nosso Senhor encontrou
- Onde vais, Bárbora?
- Vou abrandar a trovoada
que no monte anda armada.
- Vai, vai, Barborinha, vai,
leva-a a monte maninho
onde não haja pão nem vinho
nem bafinho de menino
nem gente de cristandade.
Valha-nos o verbo divino
e as três pessoas da Santíssima Trindade.
(reza-se enquanto ardem na lareira algumas
hastes de ramos benzidos no Domingo de Ramos)



Oração do pesadelo
São Bartolomeu me disse
que dormisse e descansasse
que nenhum medo tomasse
nem à anda nem à varanda
nem ao pesadelo da mão furada.
Quatro cantos tem a casa,
quatro anjos a guardá-la:
S.Lucas, S. Mateus, S. Pedro e S. Tiago.
Entrego-me a Deus
e arrenego o diabo.

Responso a Santo António                                           
Milagroso Santo António
em Lisboa fostes armado
em França fostes visitado
em Roma condecorado
à porta de Santa Paulina
todos os peixes do mar se levantaram
para ouvir a sua santa pregação.
Santo António se deitou
Santo António se levantou
Santo António se lavou
e ao seu lencinho se limpou:
-António, aonde vais?
- Senhora- ele respondeu!
- Não irás, que eu ao Céu subirei
e tu na terra ficarás
com teu hábito que vestiste.
Assim como livraste teu pai
de sete sentenças falsas
assim nos livres a nós
de todos os males.

(Pai Nosso e Ave Maria)
















Responso

(Pedindo protecção para o gado)                                              
Guarda o meu gado
bem guardadinho
que eu corto-te o rabo
com o dedo mindinho.
( dizia-se e fazia-se no monte aos gatafanhos pequeninos).


Oração ao levantar

Padre Nosso Pequenino
Padre Nosso pequenino
Quando Deus era menino
Quem o deu, quem o daria
Foi o Filho da Virgem Maria.
Cruz no monte, Cruz na fonte,
Todos os santos se encontrem,
Quer de noite quer de dia,
Quer à hora do meio-dia.
Já os galos cantam,
Já os anjinhos se levantam,
Já o Senhor vai para a Cruz
Para a minha alma ver a luz
Para sempre Amem Jesus.





Oração ao deitar      
                                                                                   
Nesta caminha me deitei
Sete anjinhos encontrei
Três aos pés, quatro à cabeceira,
Nossa Senhora na dianteira.
Nossa Senhora me disse
( dizer o próprio nome) dorme e repousa,
Não tenhas medo a má cousa,
Bendito sejam as almas
Que se deitam nesta hora.

(Pai Nosso)




Ao lavar a cara pela manhã

Minhas mãos molho,
meu rosto lavo,
entrego-me à Virgem
e arrenego o diabo.

(Pai Nosso e Ave Maria )
Aurora Simões de Matos - in "Imagens da beira-Paiva"
Nota: textos com regionalismos.


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