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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

História para 10.09.2012


O PATO DAS QUATRO PATAS


Era uma vez um pato que tinha quatro pernas ou patas.
Duas à frente e duas atrás. Nascera assim, o que se havia
de fazer.
A andar, atrapalhava-se um bocado. Trocava as pernas.
Eram pernas a mais para um pato só.
Mas a nadar, zap, zap, zap, a pedalar com as quatro
pernas dentro de água, levava todos de vencida.
Não era um pato de capoeira, não sei se disse. Era um
pato bravo, um pato de arribação.
Quando chegou o tempo dos patos mudarem de ares, em
busca de terras mais quentes, é que foram elas. O pato,
mais pesado do que os outros, levantava voo mas subia
pouco e cansava-se depressa.
– Vão vocês andando, que eu já lá chego – disse o pato
aos companheiros.

O bando alçou-se aos ares e ele ficou a vê-los. Todas
aquelas asas juntas produziam um zumbido alegre, que foi
decrescendo até se deixar de ouvir.
– Eles vão a voar e eu vou a nadar – decidiu o pato com
quatro patas.
Desceu pelo rio que foi dar a outro rio que desembocou
num grande rio que foi ter ao mar.
– Ena, que isto agora é a sério – dizia o pato, no meio das
ondas salgadas. Se era! Ondas da altura de um prédio.
Ele nadar, nadava, mas avançava pouco. A bem dizer,
não avançava nada, porque as ondas o empurravam para
terra. Acabou por fazer-lhes a vontade.
Foi ter a uma praia nem muito quente nem muito fria.
Cansadíssimo.
Ali ficou que tempos, sozinho, como um náufrago.

– Isto não é vida – disse, um dia. – Já que não consigo ir
onde eles foram, o melhor será voltar para donde vim.
E voltou. Ora a nado ora a pé. A voar, só de raro em raro.
Quando chegou à pateira donde todos tinham partido,
vinha o bando dos patos bravos a regressar da sua longa
ausência.
– Não chegaste a ir? – perguntaram-lhe os companheiros.
– Claro que fui – respondeu o pato das quatro patas. –
Quando lá cheguei já vocês tinham partido e tive de voltar
a nado, a toda a pressa, para os alcançar no regresso.
Era mentira e os outros patos sabiam-no, mas não
quiseram desmenti-lo. Todos tinham em muito respeito
aquele pato com quatro patas e só duas asas. E não se falou
mais nisso.


FIM




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