Mensagem de Meijinhos

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sábado, 22 de setembro de 2012

Hostória para 22.09.2012


OS QUATRO IRMÃOS
Início do Outono


Era uma vez um rei chamado Sol. Todos o conhecem.
Todos o estimam.
Poderoso, os seus raios são espadas. Majestoso, os seus
raios são de ouro e mais do que todo o ouro valem.
Generoso, os seus raios são fios de vida.
Poderoso, majestoso e generoso era este rei, mas tinha
um grande desgosto – os seus quatro filhos davam-se
muito mal uns com os outros.
Chamavam-se os quatro irmãos, por ordem de idade, a
começar pelo mais novo: Primavera, Verão, Outono  e
Inverno. Bulhavam constantemente, porque todos queriam,
à uma, governar a Terra. Ora isto não podia ser.

Assim pensando, o rei Sol decidiu que cada um deles
governasse por sua vez, durante um certo tempo. As ordens
de um pai, para mais rei, e ainda por cima Sol, têm de se
cumprir.
O Outono não gostava desta partilha. Queixava-se de
que lhe não davam tempo... Ainda estava ele a arrumar e a
alindar a casa, pintando tudo da cor púrpura, em tons  e
meios tons amarelos doirados, e já o Inverno lhe batia à
porta. Então o Outono tinha uma birra e arrancava as
folhas das árvores, algumas ainda por pintar...
Saía o Outono com lágrimas nos olhos e entrava  o
Inverno.
– Em que desordem isto está – exclamava ele, irritado.
E punha-se a varrer. Varria com tanta força que fazia
vento. Depois lavava, em grandes bátegas, caídas do céu...
As sementes e os grãozinhos, que o Outono deitara à terra,
assustavam-se:

– Iremos nós também na cheia? – perguntavam uns para
os outros.
O Inverno ouvia-os e dizia-lhes:
– Sosseguem! Durmam descansados. Vai tudo dormir
um longo sono. Assim tem de ser.
E tão carinhoso ele era que cobria os lugares mais
desprotegidos da terra com um manto branco de neve.
Lá fora, a Primavera impacientava-se. Não tinha feitio
para suportar os vagares do irmão. Às vezes, não se
continha que não perguntasse pela frincha da porta:
– Já posso?
Ainda era cedo, mas só de lhe ouvirem a voz, as
primeiras flores rompiam a terra.

Então, quando ela chegava, era uma festa. Corria  a
Primavera de lés a lés e não havia ervinha, folha, haste, flor
que não quisesse dançar com ela. Era uma enorme roda de
alegria.
Mas a folgança não podia continuar sempre. Cansada do
bailarico, a Primavera dava de bom grado o seu lugar ao
Verão.
– Vamos trabalhar – dizia ele, assim que chegava.
E trabalhava-se, pois então! Os grãos e os frutos
amadureciam. As flores arrecadavam tesouros. Nas tocas,
nos ninhos, nos cortiços e por toda a parte, as palavras de
ordem eram: trabalhar, colher, guardar.
Enquanto, nas praias, uns gozavam as férias, outros, no
campo, não tinham descanso.
– O essencial fica feito. Deixo os retoques ao cuidado do
meu irmão Outono – dizia o Verão, à despedida.

Lá vinha o Outono, com pincel e tintas apurar as cores.
Achava sempre que merecia mais tempo. São tantas as
tonalidades, do verde-escuro ao castanho, do laranja ao
vermelho... Não se pode fazer obra asseada quando se
sente os passos do Inverno a aproximarem-se. Que nervos!
Sorrindo no seu trono, o Sol acompanhava a obra dos
seus quatro filhos. Descansa. Eles estão a dar muito boa
conta de si.
E o Sol, risonho, ainda mais resplandece.


FIM





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