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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

História para 26.09.2012

O FOGO E O LEOPARDO
Nos acampamentos, em África, à noite, há sempre uma
fogueira acesa, que afasta as feras. Entre elas, o leopardo,
que ganhou fama de ser de todos os animais ferozes o que
mais medo tem do fogo. Porquê? Já vão saber.
No princípio do mundo ou um pouco mais para diante, o
leopardo e o fogo visitavam-se muito, como bons amigos
que eram.
Não. Não estou a ser rigoroso.
O leopardo visitava o fogo na sua caverna, sem que
alguma vez o fogo tivesse retribuído a visita.
Um dia, o leopardo fez-lhe este reparo, um pouco
amuado com a desconsideração. Respondeu-lhe o fogo:
– Eu nunca saio. Sou um desastrado e muito perigoso.
Aqui, na minha caverna, sinto-me como um vulcão
contido. Se sair, posso não ter mão em mim e causar
estragos, mesmo sem querer.
Mas o leopardo tanto insistiu que o fogo acedeu.
Recomendou-lhe, no entanto, que limpasse de ervas  e
ramos e folhas secas o caminho que ia da casa de um à casa
do outro.
O leopardo, que era preguiçoso, não correspondeu com
o rigor devido à recomendação que o fogo lhe tinha feito e
aconteceu uma grande desgraça. O fogo, à confiança, saiu
do seu esconderijo e mal deu os primeiros passos, ainda
tímidos, na senda da floresta, que ele supunha varrida de
folhas, propagou-se, alastrou e incendiou tudo em seu
redor.
– Não tenho culpa. Não tenho culpa – gritava o fogo,
assustado com a devastação que causava.
Mas nada podia fazer. O fogo incontrolável galgou
planícies e montanhas e tudo arrasou à sua frente.  O
leopardo, que se dirigia ao seu encontro, teve de fugir,
aterrorizado. Mas chamuscou-se, na fuga. Ainda se lhe
notam as manchas das queimaduras na pele mosqueada,
recordação do dia em que o fogo cometeu a imprudência de
sair de casa.
Há que dizer, porém, que o primeiro culpado foi  o
leopardo, que não soube desbastar a mata seca da floresta
como devia. O fogo, sozinho, nunca tem culpa.


FIM

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